Grupo de mulheres se une e cria programa no Youtube para ajudar pessoas que se separaram a recomeçar a vida.
Se hoje eu sou uma pessoa extremamente feliz e realizada no meu relacionamento amoroso com um parceiro companheiro e cúmplice, como o Marcelo Toledo, não posso dizer o mesmo dos relacionamentos que tive no passado! Fui casada e passei por um processo de separação traumático e, depois, tive um noivado quase casamento que também terminou de uma forma bastante desagradável. Quem leu o meu livro, “Do sonho à realização” conhece bem essas histórias e não quero entrar no detalhe delas. Só estou falando sobre isto para comentar que aquelas duas experiências me deram um “casca” em relação a “final traumático de histórias amorosas”, e que me levou a ter uma enorme empatia por quem atravessa o mesmo problema.
Por isso, fiquei supercontente quando descobri que a Patrícia, veterinária que cuida dos meus bichinhos, ao lado da Renata Gaspar, mantém um canal no Youtube cuja finalidade é ajudar pessoas que estão separadas. Com o nome “As Des casadas”, o canal reúne mulheres que passaram pela situação do descasamento e comentam suas angústias, problemas e renascimentos. Eu participei de um programa com elas que foi superbacana e curti tanto que agora quero compartilhar com vocês como surgiu essa proposta, objetivos e tudo mais!
Como surgiu “As Descasadas”
Tudo começou há mais ou menos dois anos, quando a Paula se separou e reencontrou a Patrícia que estava separada havia um ano e meio. Em uma balada, elas começaram a comentar as aflições e dúvidas de quem se separa e como as dificuldades são comuns a todas. “Pensamos no quanto seria legal ajudar outras mulheres que estariam passando pelo mesmo momento, já que, na maioria das vezes, elas ficam realmente sozinhas. E aí surgiu a ideia de um blog”, relata a Paula.
A Ana estava com as amigas e, mesmo não fazendo parte do time das separadas, achou a ideia bacana e as apoiou! Logo após, a Thaís, irmã da Paula também se separou e, quando soube do projeto do blog, ficou superanimada e lançou um desafio: fazer vídeos, em vez de escrever. “Fui um pouco resistente, porque sou muito tímida e achava que não ia dar certo. Mas fui voto vencido e iniciamos as gravações”, recorda a Patrícia.
O começo foi um desastre! Elas tentaram gravar e editar… e não rolou! Foi então que a Ana, que já conhecia o projeto desde a ideia inicial se prontificou a ajudar, e o programa tomou forma. Em seguida, um quinto elemento entraria no grupo: o Daniel, único homem no projeto que fez a vinheta do canal.
Apesar de os cinco terem formações distintas e ninguém trabalhar com comunicação, a química entre o grupo funcionou e, em fevereiro de 2017, eles lançaram o primeiro episódio do canal “As des casadas”. Paula, Patrícia e Thaís participam em frente às câmeras, a Ana cuida da gravação e edição, e o Daniel, do som.
Os temas abordados
Se há uma coisa que não falta para o canal é público potencial! Um estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado recentemente, apontou que um a cada três casamentos termina em divórcio no Brasil. Ainda de acordo com os dados, no período entre 1984 e 2016, foi registrado um aumento de 17% no matrimônio e 269% de divórcios!
Os temas para serem abordados também são muitos! O objetivo do canal é ajudar as pessoas descasadas em suas novas escolhas, fazendo com que elas se sintam acolhidas e se identifiquem. Entre os temas expostos estão desde o relacionamento no casamento, como se reerguer após o baque, como lidar com as novas situações, até assuntos jurídicos. “Até temas mais picantes que também são bem importantes para os descasados são abordados, como os brinquedinhos eróticos, masturbação, PA, e temas polêmicos, como por exemplo, ‘descasei de um gay’”, acrescenta Patrícia.
Ao tratar destes temas, as três amigas levam suas experiências às telas, e um dos principais “molhos” do programa é que as opiniões delas são bem diversas. É o que explica a Thaís: “Eu tenho uma opinião bem diferente da Paula e Pat, porque eu não me senti sozinha ou tive necessidade de sair e me distrair. Eu fiquei triste, muito triste. Acredito que para o perfil de mulheres como eu, que superam a tristeza com Netflix e vinho, é uma distração ter um canal divertido para contar com ajuda. Mas, principalmente, ver que o momento vai passar e que tudo ficará. Isso é um alívio, porque na separação achamos que somos os únicos que não estamos sabendo superar o momento”, relata.
E, se são as experiências das três que estão em jogo, claro que o medo da superexposição bateu, mas elas superam com leveza, principalmente por saber que desse modo, estão ajudando outras pessoas. “No início me assustava saber que algumas pessoas que eu conheço estavam assistindo. Mas diferente da Paula e da Pat, eu quase não encontro as pessoas, porque eu amo ficar em casa. Então, eu não senti muito,” complementa Thaís.
Homens também são alvo
Apesar de o programa ser feito essencialmente por mulheres e à frente das câmeras termos três delas falando sobre suas experiências, as meninas não acreditam que o programa seja voltado somente para o sexo feminino. Afinal, as dificuldades e angústias da separação são inerentes a todos, independentemente do gênero.
“Os homens são muito bem-vindos! Acreditamos que saber a visão deles sobre os temas agregaria ainda mais repertório e, com isso, ajudaria todo mundo! Aliás ,nosso desejo era que tivéssemos mais participação deles… Mas, em geral, eles se animam num primeiro momento, mas, na hora de marcar a gravação, fogem! Porém, vamos continuar tentando”, se diverte a Paula.
Segundo elas, a participação masculina vem crescendo, mas, provavelmente para não se exporem, os homens acabam mandando mais comentários e opiniões inbox. “Eles sofrem tanto quanto as mulheres e deixam isso bem claro”, adverte Patrícia.
Hoje, um pouco mais de um ano após o início do programa, o canal está crescendo em curtidas, seguidores e visualizações. E as meninas começam a ver pessoas que não são do círculo delas de relacionamento conhecerem o trabalho, o que elas consideram “muito gratificante”.
“As pessoas me procuram sempre nos eventos a que eu vou pra fazer comentários sobre um ou outro vídeo. Muitas vezes sentem vergonha de se expor comentando nos posts, mas as discussões nos encontros são sempre muito enriquecedoras”, diz Paula.
Segundo ela, em uma ocasião, uma convidada foi reconhecida por uma pessoa que não conhecia. “Ela elogiou sua coragem em falar em um vídeo sobre ter descasado de um gay e manifestou o quanto era importante quebrar esse paradigma. Foi muito legal”, recorda.
Thaís também comenta sobre uma espectadora que disse que assistiu a oito vídeos seguidos, o que as anima a continuar sempre. “Achei demais ela ter curtido e a gente tê-la distraído por todo esse tempo.”
Xô, solidão
Fiéis em seu objetivo inicial de afastar a solidão daqueles que descasaram, o programa quer mostrar que, muito mais do que um companheiro, os descasados sentem falta de pessoas que tenham empatia e compaixão. Alguém com quem possam dividir dúvidas e dores. Ao mostrar que não estão sozinhos, que tudo o que sentem e passam é normal, e que as coisas melhoram com o tempo, tudo pode ficar mais leve.
“Nós queremos, acima de tudo, que as pessoas separadas deixem de ser olhadas como pessoas tristes, abandonadas e desiludidas. O pós-separação, como o pós de qualquer perda, é muito sofrido. Mas quando nos reerguemos, descobrimos uma vida que pode ser ainda melhor”, comenta Paula.
Ao que Patrícia acrescenta: “Eu acho que o maior problema é se sentir sozinha e frustrada após um término. Tentamos mostrar que passamos pelas dores, dúvidas e que isso passa… E depois, a vida pode ficar melhor ainda, porque nasce uma nova mulher.”
Parabenizo as meninas pela coragem e pelo ótimo trabalho. E agradeço por ter tido a honra de participar do programa! Por fim, gostaria de convidar todas as mulheres que estão passando pelo descasamento, ou por relacionamentos abusivos, ou as já separadas, que conheçam o trabalho maravilhoso das descasadas! O link para o canal está aqui.
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Rê Spallicci