Temos muito para comemorar, mas também ainda muito por que lutar!
A questão da igualdade para a mulher no mercado de trabalho e do empoderamento feminino é uma bandeira que eu sempre levantei aqui no meu blog. E, no Dia Internacional das Mulheres, eu não poderia deixar de falar sobre o tema!
Afinal, sou uma executiva e com um cargo de diretoria, um fato que, infelizmente, ainda não é muito comum no Brasil! Aliás, ainda há muito para progredirmos em relação à igualdade de gênero no País, por isso, nunca é demais a gente refletir sobre o assunto.
Segundo os dados mais recentes do IBGE, em média, as mulheres ganham salários que chegam a ser de 25% a 30% menores, e a participação feminina em cargos de alta liderança ainda é pequena, apesar de vir aumentando ao longo dos anos. Pesquisa do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) indica que, em 2012, somente 26% das empresas tinham funcionárias em funções de comando. Em 2013, a proporção aumentou para 33% e, em 2014, para 47%. Nas 150 companhias brasileiras que participaram da pesquisa, não havia mulheres na presidência ou vice-presidência. Além disso, os conselhos de administração têm, em média, cinco integrantes, sendo apenas uma vaga ocupada pelo sexo feminino, na maioria dos casos.
Está vendo como não é fácil ser mulher no mercado de trabalho? E já foi muuuuuito pior! Mas, graças às mulheres das gerações passadas que nos precederam, conseguimos significativos avanços!
O dia 8 de março
Foi exatamente para homenagear essas mulheres batalhadoras que, em 1975, a Organização das Nações Unidas (ONU) decretou o 8 de março como a data para homenagear as lutas feministas por igualdade, justiça e respeito. E o dia escolhido não foi por acaso. Em 1911, nesse mesmo dia, as funcionárias de uma fábrica da Triangle Shirtwaist Company, em Nova York, nos Estados Unidos, entraram em greve reivindicando melhores condições de trabalho. Elas pediam uma jornada de trabalho menor (de 16 para 10 horas diárias), que seus salários fossem iguais aos dos homens e exigiam melhor tratamento no ambiente de trabalho. No dia 25 de março, houve um incêndio na fábrica, por motivos desconhecidos, do qual nem todos os operários escaparam. A maioria dos 600 trabalhadores conseguiu sair da fábrica, mas 146, sendo 125 mulheres, morreram.
Por que ganhamos menos?
Nossos salários são menores porque somos menos competentes? Tenho absoluta certeza de que não! Temos menos estudo? Muito pelo contrário. A proporção de mulheres brasileiras com títulos acadêmicos de nível superior é maior que a de homens – a parcela da população feminina adulta com diploma é de 12%, ante 10% da masculina. Qual o grande problema, então?
Para começar, as pressões da sociedade para que a mulher seja a principal cuidadora da casa e dos filhos fazem com que ela acabe dispondo de menos tempo para horas extras excessivas, happy hours, jantares de negócios. Muitas vezes, nos desdobramos nos horários vagos para dar conta de tudo, enquanto os homens mantêm esses momentos mais livres e se dedicam a fazer networking e trabalhar para suas “promoções”. A mulher que sai no meio da tarde para fazer a unha é vista com desconfiança, e a que está com as unhas descuidadas em uma reunião de negócios é tida como relaxada! Oi? Como dar conta de tudo isso ao mesmo tempo?
Portanto, a resposta para as remunerações mais baixas vem única e exclusivamente do preconceito, e é isso que precisamos lutar para mudar!
As lutas femininas
Hoje, as mulheres e os movimentos feministas estão cada vez mais fortes, e as lutas pela causa da mulher estão na pauta do dia! Podemos dizer que estamos até mesmo vivendo uma nova e expressiva onda do movimento feminista.
Ao analisarmos a história do movimento feminista, veremos que ela se construiu em grandes ondas. A primeira, entre os séculos 19 e 20, teve como foco original a promoção de igualdade nos direitos contratuais e de propriedade para homens e mulheres. Era uma época de casamentos arranjados e um tempo em que as mulheres e seus filhos eram considerados propriedade do marido. Afff! Já pensou?? Nesse mesmo período, a luta pelo voto também foi uma pauta dos movimentos feministas.
Entre as décadas de 1960 e 70, surge uma nova onda focada na reforma das leis das famílias. Nessa ocasião, o feminismo começa a permear vários aspectos da vida, ganha força política, e questões culturais e sociais passam também a ter força no movimento. Foi a época pela luta da valorização das mulheres no trabalho, direito ao prazer e contra violência sexual.
A terceira onda, que se inicia na década de 1990 e continua até os dias de hoje, começa a discutir paradigmas estabelecidos nas décadas anteriores e, principalmente, a incluir na pauta a crítica de que discurso universal é excludente. E que as opressões atingem as mulheres de diferentes formas.
E mais recentemente, mas ainda dentro dessa terceira onda, um novo elemento surge e ajuda a amplificar o movimento feminista: o poder de conexão da internet e das redes sociais.
Por meio das redes, muitos movimentos organizados pelas mulheres ganharam uma dimensão e uma repercussão que não seriam alcançadas se não fosse a internet.
Afinal, as redes sociais nos aproximam muito, pois conseguimos saber da realidade das mulheres no mundo todo. O intercâmbio de informação e de vivências tem nos tornado mais fortes a tal ponto que identificamos que muitas das questões enfrentadas por nós não são condições pessoais, que não estamos sozinhas, e que é uma questão social e estrutural.
Uma nova geração
Mais do que uma ferramenta de compartilhamento, a internet vem ajudando a criar uma nova geração de mulheres que, desde cedo, têm um senso mais apurado sobre a importância do feminismo e da defesa de seus direitos.
Nascidas em uma sociedade com mais liberdade e autonomia do que as das gerações passadas e com o poder da conexão, cada vez mais meninas entendem a necessidade de lutar pela manutenção dos direitos já adquiridos pelos movimentos feministas e de continuar a luta por outras conquistas.
Afinal, ainda há muito para se caminhar na questão da igualdade. De toda a riqueza mundial, apenas 1% pertence ao sexo feminino, mesmo sendo 49% da população.
A representatividade da mulher
Outro problema que nos afeta é a falta de representatividade feminina na mídia. Em 2013, na Universidade de Nevada, foram pesquisadas 352 matérias de primeira página do jornal The New York Times e se verificou que, dentre os entrevistados, 65% eram homens e apenas 19% eram mulheres (16% se referiam a fontes institucionais). No Brasil, a revista Superinteressante abordou o tema em 2010 e revelou que apenas 25% das fontes eram mulheres.
Por isso, aqui no meu blog dou sempre preferência às mulheres como fontes de matéria, tentando equilibrar um pouco essas distorções. Em toda a história do site, mais de 70% das nossas fontes foram do sexo feminino. E é assim que continuará sendo!
Uma parte muito triste dessa história
E quando falamos em direito da mulher, infelizmente não podemos fechar os olhos para os dados tristes e assustadores sobre a violência sexual.
Embora muitos avanços tenham sido alcançados com a Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006), ainda assim, hoje, contabilizamos 4,8 assassinatos a cada 100 mil mulheres, número que coloca o Brasil no 5º lugar no ranking de países nesse tipo de crime
E outro dado assustador: no mundo, de acordo com estudo divulgado pelo Banco Mundial, é mais fácil uma mulher com idade entre 14 e 44 anos ser estuprada do que ser vítima de câncer ou acidente. E essa realidade global se repete no Brasil. A cada 11 minutos uma mulher é estuprada neste país. São 130 mulheres estupradas todos os dias. E acredita-se que esse número seja ainda maior. Porque pesquisas mostram que apenas 10 % das mulheres violentadas e estupradas têm coragem de denunciar. E somente 35% das mulheres que apanham dos seus companheiros têm coragem de denunciar. E os números não param por aí: 70% dessas vítimas de estupro são crianças e adolescentes, mais de 80% do sexo feminino.
Seja você mesma
Por isso, neste Dia Internacional das Mulheres, reafirmo meu compromisso com a igualdade de gêneros, em promover a nossa força e lutar para o fim de tristes realidades como a dos números da violência sexual! E mais do que isso, defendo o nosso direito de sermos nós mesmas e de fazermos aquilo que quisermos, sem imposições e preconceitos!
Eu mesma sou um exemplo disso. Por muito tempo, o fisiculturismo foi um esporte voltado para os homens e sempre houve um grande preconceito com as mulheres que o praticavam. Hoje, eu sou praticante desse esporte que amo e vejo cada vez mais mulheres se dedicando a ele, sem perder a feminilidade por causa disso! Ainda rola preconceito? Claro que sim, mas somos superiores e não devemos nunca nos limitar por causa do que os outros falam ou deixem de falar.
Quer jogar futebol, jogue! Ser mecânica de automóveis? Por que não? Nossos sonhos e vontades não são limitados pelo nosso gênero. Faça aquilo que o seu coração mandar!!
Afinal, quem é que consegue trabalhar, estudar, cuidar da casa, do corpo, dos cabelos… e tudo isso sem descer do salto, não é mesmo?? Para nós, as maravilhosas mulheres, um dia todo especial e que a nossa luta continue! Contem comigo!
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Busque seu propósito. Deixe seu legado.
Rê Spallicci