Pare de se autossabotar e alcance as suas realizações e uma vida mais plena, identificando e eliminando pensamentos que só lhe fazem mal.
Há pouco tempo, escrevi um artigo que abordava a importância do autoconhecimento para o nosso crescimento pessoal. Entre os diversos fatores que citei para provar essa tese, eu reforcei o valor de superarmos nossas crenças limitantes para que pudéssemos atingir nossos objetivos e o quanto o autoconhecimento tem papel fundamental nesse processo.
Depois da publicação do artigo, muitas pessoas me questionaram sobre as crenças limitantes, como identificá-las, entendê-las e superá-las e, por isso, hoje resolvi fazer um artigo específico sobre o tema.
Uma característica humana
Durante a Idade Média, em torno dos séculos XV a XVII, um estranho transtorno psiquiátrico varreu a Europa. Muitas pessoas acreditavam que fossem feitas de vidro, e que elas provavelmente se quebrariam em pedaços ao menor contato com objetos ou outras pessoas. Este distúrbio foi mais tarde chamado de “Ilusão de vidro” e devidamente registrado no jornal científico História da Psiquiatria.
A crença era tão arraigada em algumas pessoas que muitas delas mudaram todos os hábitos de vida, a fim de evitar qualquer risco de contato que as quebrasse, tornando-se até mesmo isoladas do convívio de todos.
Para se ter uma ideia do quanto essa crença realmente afetava os indivíduos, um relatório médico de 1561 descreve um paciente “que teve que se aliviar de pé, temendo que, se ele se sentasse, suas nádegas se quebrariam”.
Até mesmo o rei francês Carlos VI, que reinou a França de 1380 a 1422, se recusou a deixar que qualquer pessoa o tocasse e também usava roupas reforçadas para se proteger de se quebrar!
É claro que a maioria de vocês provavelmente achará essa crença estúpida, pois, obviamente, sabemos que os humanos não são feitos de vidro. Afinal, estamos em contato físico com as pessoas todos os dias. A gente que mora em cidade grande, então, que o diga! Rs. Imaginem só, se fôssemos de vidro, o que aconteceria em um show de rock ou em um metrô lotado! Rs. E, além disso, como o homem poderia ser feito de vidro se quem criou o material foi o próprio ser humano!
Enfim, parece extremamente bobo e irracional que pessoas mudassem seus hábitos baseados em uma crença tão frágil e fácil de ser contestada.
Mas será que hoje, séculos depois, e com uma enorme quantidade de conhecimento acumulado, não agimos da mesma forma com algumas crenças que impomos a nós mesmos?
“Não posso dizer a verdade, porque posso ser julgado…”
“Eu não quero chegar perto dessa pessoa, para que ela não fira o meu…”
“Eu não quero lutar pelo que eu desejo, porque eu posso rejeitado…”
“Não posso confiar nas pessoas, porque fui traído antes…”
“Não consigo prosseguir meus sonhos, porque não sei o que faria se falhassem…”
“Eu não posso fazer X por causa de Y …”
“Eu não posso fazer A por causa de B …”
Será que a crença dos europeus era assim tão irracional, comparando com as que enfrentamos diariamente? Ou a única diferença entre nós e os homens medievais é que aquelas crenças eram centradas em contato físico, enquanto as nossas estão focadas em emoções, relacionamentos e sonhos?
Na verdade, temos medo de que algo aconteça e quebre em pedaços o nosso frágil sistema emocional, nos provocando dor, desgosto e até mesmo a morte!
Quantas crenças há em sua vida que podem estar impedindo você de viver plenamente e alcançar a plenitude de sua existência?
Uma exploração dos sistemas de crença
As crenças são percepções condicionadas construídas sobre antigas memórias de dor e prazer. Essas memórias são baseadas em como interpretamos nossas experiências ao longo do tempo.
Ao nos unirmos emocionalmente às pessoas, aos eventos e às circunstâncias, efetivamente, construímos as bases de nossos sistemas de crenças. Estes são, portanto, nada mais do que regras e comandos concretos enviados para o sistema nervoso que moldam os pensamentos e filtram a experiência de realidade. E são esses comandos que influenciam o que você vai, conscientemente, excluir, distorcer ou generalizar à sua volta.
As crenças são, de certa forma, pressuposições que fazemos sobre nós mesmos, sobre os outros e como esperamos que as coisas estejam no nosso mundo. Nós temos todas essas teorias, ideias e explicações sobre como as coisas são e como elas deveriam ser. Da mesma forma, tiramos todas as conclusões a respeito da vida e de outras pessoas, o que nos ajuda a entender melhor o mundo. Em outras palavras, usamos as crenças como âncoras que ajudam a expressar nossa compreensão do mundo que nos rodeia.
As crenças formam as bases das expectativas e nos ajudam a sentir certos e seguros sobre o futuro. E todos desejamos um senso de certeza. Isso nos proporciona paz mental e auxilia na redução do estresse, da ansiedade e do medo. É uma necessidade humana fundamental que constrói a base de todos os sistemas de crenças.
Entretanto, é importante notar que as crenças não são fatos, mas, às vezes, elas estão tão enraizadas que as confundimos com fatos. Essas crenças geralmente não são mais do que conclusões que você desenhou com base em suas experiências de infância. E, naquela época, elas podem ter lhe servido, e é por isso que se manteve preso a elas. No entanto, como adulto, podem estar impedindo-o de seguir adiante e de alcançar o seu propósito. Afinal, sua vida provavelmente mudou e, se suas crenças permaneceram constantes, é bem provável que elas estejam sendo uma verdadeira âncora em sua jornada de desenvolvimento pessoal.
O surgimento de uma crença
Ao longo da vida, você coleciona fatos, evidências e referências que o ajudam a formar sua ideia de realidade. Você constrói referências por meio do uso da imaginação, do conhecimento adquirido, das experiências pessoais e da influência das pessoas como quem convive, família, amigos, grupos profissionais. Essas referências o ajudam a formular ideias sobre as coisas.
Inicialmente, essas ideias são flexíveis, porém, ao longo do tempo, como você continua colecionando mais e mais referências que apoiam cada uma dessas crenças, elas vão ficando mais fortes, mais sólidas e estáveis. Então, de repente, você alcança certo estágio na evolução de cada crença, que se torna tão profundamente arraigado e enraizado em seu sistema nervoso que, apesar de evidências contraditórias, suas expectativas não podem mais ser alteradas. Portanto, apesar dos fatos, você não pode ser convencido de outra maneira. E esse é essencialmente o estágio em que a crença se transforma em convicção.
A importância das crenças
Suas crenças estão no cerne de quem você é. Como tal, elas influenciam todos os aspectos de sua vida de todas as formas imagináveis. Por exemplo, determinarão suas expectativas e percepções da realidade. E vão influenciar seu nível de inteligência e impactar as decisões que você toma ou aquelas que você não consegue perceber que há possibilidade de tomar.
São as suas crenças que determinam o fluxo de perguntas que tende a se fazer ao longo do dia. Perguntas que podem ajudá-lo a resolver problemas, ou criar problemas adicionais.
Compreender como suas crenças influenciam seus sentimentos é fundamental, porque elas poderiam facilmente mascarar o que é real e, em vez disso, apresentar-lhe uma visão falsa da realidade, e que só existe na sua imaginação. Então, você fará escolhas e decisões baseadas nesta realidade com a expectativa de obter determinados resultados. Contudo, sua visão da realidade é imperfeita. Estão faltando elementos-chave, portanto, qualquer que seja a decisão que tomar, haverá falhas para alcançar os resultados que você deseja realizar em sua vida.
Conheça o seu propósito
Antes de identificar suas crenças limitantes, é fundamental que identifique seu propósito de vida, pois só o conhecendo profundamente você poderá listar as crenças que têm e que podem ser um obstáculo para alcançá-lo.
Pergunte a si mesmo: o que é que eu quero? Quais objetivos eu gostaria de alcançar? Que tipo de pessoa gostaria de me tornar? Por que eu quero todas essas coisas? Quais são os benefícios?
Quanto mais razões encontrar para perseguir algo, maior motivação você terá para seguir com suas ações. E, para mudar, deve ter o desejo e a vontade de fazer essa mudança. Por este mesmo motivo, é importante que gaste algum tempo descobrindo exatamente por que você quer atingir esses objetivos e quais os benefícios ao obtê-los.
Uma vez que isso esteja bem claro, aí sim, vamos entender que crenças limitantes podem estar impedindo que você busque sua realização
Identifique suas crenças limitantes
As nossas crenças limitantes normalmente se manifestam quando damos desculpas para nossos fracassos. Quando nos queixamos das coisas, nos entregamos a pensamentos negativos ou nos dedicamos a hábitos inúteis.
Tirar conclusões ou fazer suposições, hesitar em expressar seus medos, se preocupar incontrolavelmente sem motivo aparente e sempre procrastinar ou buscar o perfeccionismo, certamente são sinais de que alguma crença limitante o está desviando de nosso foco.
Sempre que pensar em atingir seus objetivos e tiver um pensamento de obstáculo à sua realização, pode ter certeza: você tem aí uma crença limitante.
E, quando isso acontecer, pergunte a você mesmo:
Que resistência estou sentindo dentro de mim, quando penso em atingir esse objetivo?
Por que não posso superar certos desafios para alcançar meu objetivo?
O que está me segurando?
O que especificamente está ficando no caminho?
A que hábitos inúteis eu me dedico?
Como estou pensando nesta situação?
De que tipo de coisas eu costumo reclamar, ou culpar os outros?
Potencialmente, tenho quaisquer regras psicológicas que me impedem de seguir em frente?
Em quais pensamentos negativos e pessimistas eu tendo a acreditar, e que me impedem de buscar minhas metas?
Tenho valores que estão em conflito com meus objetivos? O que eu acredito sobre esses valores?
Como estou me rotulando e / ou me descrevendo enquanto trabalho com esse objetivo?
Como isso poderia estar causando problemas?
Quais histórias eu me contei sobre o que eu deveria ou não deveria fazer, e sobre o que deveria ou não deveria fazer acontecer?
Agora, é essencial que você especifique exatamente que tipos de crenças limitantes estão atualmente impedindo você. Pergunte a si mesmo: que informações as respostas a essas perguntas fornecem sobre minhas crenças limitantes? Que crenças limitantes específicas estão me segurando? Como elas me impedem de atingir os objetivos desejados? Como estão me negando a oportunidade de me tornar a pessoa que eu quero ser?
Lembre-se de que suas crenças limitantes são hipóteses que você faz sobre a realidade que não é uma verdade. Elas não são úteis e, certamente, não lhe servem enquanto você faz seu caminho ao longo de sua jornada em direção a seus objetivos.
Prepare-se para a mudança
É importante mencionar que cada uma dessas crenças atende a um propósito. Elas estão lá porque estão lhe protegendo de algo que, muitas vezes, se manifesta em forma de dor. É claro que isso não denota que a crença tenha algum sentido, ou que seja prática no momento presente. Significa que cada uma de suas crenças limitantes tem boas intenções, e essas intenções estão lá para protegê-lo da dor. No entanto, muitas vezes, quando se trata de crenças limitantes, essas intenções podem ser equivocadas. Elas podem mantê-lo longe da dor em curto prazo, mas, quase sempre, levam à dor em longo prazo.
Para matar as crenças limitantes, você não pode simplesmente cortar o pensamento superficial. Você deve chegar à causa raiz.
Para tanto, você precisa isolar uma crença limitante por vez e realizar verdadeiras viagens ao seu eu interior.
Descubra por que você construiu aquela crença e procure razões que a conteste. Reforce em seu cérebro o quanto ela o prejudica e crie uma nova maneira de pensar.
De forma lenta e constante, você deixará de ser escravo de suas crenças e passará a tomar as rédeas de sua vida!
Certamente este não é um processo que vai acontecer do dia para a noite, mas, ao se iniciar, vai transformar sua vida!
Por muito tempo, eu fui dominada pelas minhas crenças limitantes, e isso me impediu de realizar vários sonhos no passado. A partir do momento que identifiquei meu propósito, eliminei minhas crenças limitantes, deixei de ser uma sonhadora que pouco se realizava e muito se frustrava para ser uma realizadora.
Esta história conto no meu livro Do sonho à realização e é essa transformação que quero que realize em você!
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Rê Spallicci