Continuando a série de viagens sabáticas, fomos conhecer a história de Fábio Zuniga. Entre abril de 2010 e abril de 2011, ele realizou o sonho de viajar pelos cinco continentes.
Tirar um ano sabático, normalmente, pode vir associado a um período de estudos, de redescoberta, de reflexão a respeito da vida, ou simplesmente um ano para realizar um almejado projeto pessoal. E foi esta última opção que levou Fábio Zuniga a fazer, entre os anos de 2010 e 2011, uma grande viagem pelo mundo.
Fábio trabalhava como gerente de produto em uma renomada indústria farmacêutica e, mesmo tendo sucessivas promoções e bons resultados profissionais, resolveu dar um tempo na rotina e ir em busca da realização de um sonho. “Eu estava em uma viagem na Ilha de Páscoa e, após reflexões sobre os rumos que daria a minha vida, cheguei à conclusão de que tinha de realizar esse sonho que guardava comigo há alguns anos. Exatamente nesse dia, comecei o planejamento básico, algo feito no verso de um cartão de visitas da locadora de automóveis da ilha”, relembra.
Mas é claro que o verdadeiro planejamento precisou de muito mais espaço do que o verso de um cartão. Afinal, planejar uma viagem em um ano sabático, vai muito além do roteiro. Envolve uma série de detalhes, custos e análises de riscos. “Minha maior preocupação era como me programar para passar um ano sem rendimento no período da viagem e também mais um período quando eu voltasse, porque eu não podia prever quanto tempo seria necessário para a minha recolocação”, conta.
A primeira vitória de Fábio em busca da realização do projeto foi conseguir a companhia de sua namorada à época, Cintia, hoje sua esposa: “Após algumas tentativas, consegui expor a ideia a ela. Apesar de inicialmente surpresa, logo abraçou a causa e, a partir daí, dividimos as tarefas do planejamento.”
Mas, se Cintia nunca foi um problema, a maior dificuldade foi expor a ideia para o seu gestor na empresa e, principalmente, para a família. “Na empresa tive reações de todos os tipos. Desde aqueles que me apoiaram, até alguns que me acharam um tremendo louco. Já na família, foi unanimidade. Todos tinham certeza de que éramos loucos mesmo”, se diverte.
Todos avisados e com um planejamento rigorosamente pensado, em abril de 2010, Fábio e Cintia embarcaram rumo à sonhada viagem. “A primeira decisão foi a de começar pela Europa, principalmente para evitar um choque de cultura logo no início da viagem, diminuindo, assim, a possibilidade de problemas logo de cara. Mas também para aproveitar o clima europeu de abril a setembro. Depois da Europa, a ideia inicial era seguir para o Egito, na África, e depois para a Ásia, fechando a viagem na Oceania”, detalha.
Entretanto, como a passagem de volta ao mundo que compraram possuía algumas regras sobre destinos, como a obrigatoriedade de passar pelas sedes das companhias aéreas participantes do pool escolhido, alguns países tiveram que sair do roteiro, e outros entraram.
No total foram 35 países, alguns perrengues e muito aprendizado. “A capacidade de adaptação que uma viagem dessas proporciona é imensurável”, assegura.
Ao longo do período, Fábio estudou francês, fez um curso de culinária, mas, principalmente, ganhou autoconfiança e coragem para assumir riscos e encarar desafios. “O mais louco da experiência é a gente ter a percepção de como o tempo é relativo. Neste um ano de viagem, vi, aprendi e fiz tanta coisa que, quando eu voltei, a sensação que tinha era de que havia se passado muito mais tempo. Por outro lado, as pessoas me encontravam na volta e perguntavam: mas já passou um ano?”
O retorno
Quebrando o mito de que um ano sabático precisa ser, necessariamente, um ano de virada e de significativas mudanças para o restante da vida, Fábio, dois meses após a sua volta, estava novamente empregado como gerente de produto no segmento farmacêutico, e a vida continuou normalmente.
“Eu era feliz com minha vida e não queria viajar para mudá-la. Eu precisava apenas daquele tempo para mim e provei que, com planejamento, é sim, possível irmos em busca de realizar os nossos projetos pessoais”, revela.
E aquele receio quanto à volta para o mercado? Fábio não só conseguiu uma rápida recolocação, como obteve um salário 40% superior ao que recebia antes de sua aventura.
Hoje, alguns anos passados da experiência, Fábio tem a certeza absoluta de ter tomado a decisão certa em sua vida e já avisa: “Ainda tenho planos de fazer algo parecido novamente no futuro”.
Busque seu propósito. Deixe seu legado.
Rê Spallicci