Parar de representar papéis e buscar o autoconhecimento, a fim de viver de forma autêntica é o que você pode fazer de melhor para a sua felicidade.
A questão da autenticidade é um tema do qual sempre falo e que não abro mão de abordar. E faço isso porque acredito que este assunto está intimamente ligado ao meu propósito de vida que é inspirar as pessoas a se autoconhecerem, explorarem todos os seus talentos e atingirem suas totais potencialidades!
Mas, como buscar uma vida mais plena, se a vivermos cheios de disfarces e de representação de papéis que não são nossos? Como sermos verdadeiramente felizes sufocando desejos, fazendo aquilo que se espera de nós e não o que realmente gostaríamos de fazer?
A busca por ser você mesmo é um passo essencial na jornada do autoconhecimento e, por que não, da própria felicidade!
Nós, mulheres, temos ainda mais dificuldade de buscarmos esta autenticidade. Há séculos, somos criadas com uma série de repressões, modelos e tabus que não nos permitem a espontaneidade e a autenticidade. E temos de travar uma luta diária para tentar escapar dos modelos que nos querem impor, e que, muitas vezes, não tem nada a ver com aquilo que somos e em que acreditamos.
Uma sociedade de iguais
Embora vivamos em uma sociedade que parece estar cada vez mais aberta para a pluralidade e diversidade, o que vemos na realidade é mais e mais pessoas lutando para serem iguais: usarem todos as mesmas roupas, os mesmos cortes de cabelo, curtirem as mesmas músicas e buscarem os mesmos objetivos!
E qualquer movimento que saia um pouco do espectro que se espera, atrai olhares negativos, críticas e conflitos. Eu posso dizer com conhecimento de causa, porque vivi e vivo este problema na pele! Uma mulher executiva, com mais de trinta anos, de repente, resolver virar atleta profissional? Como assim? Uma executiva se apresentar de biquíni mostrando seu corpo? Não foi nada fácil, mas eu superei todo e qualquer preconceito, porque esta sou eu. Sou executiva, mas também sou atleta! Sou escritora e também sou blogueira! Eu sou o que sou e não um rótulo reducionista!
Quantos advogados não gostariam de deixar o cabelo crescer e montar uma banda de heavy metal? Quantas médicas não gostariam de se tatuar e ter o cabelo descolorido? E daí? Não somos aquilo que se espera de nós, mas sim, aquilo que nós esperamos de nós mesmos!
Mas a verdade é que a sociedade nos puxa para o status quo, para nossa zona de conforto, para aquilo que parece seguro aos olhos dos outros! Eu só consegui seguir meu caminho, após anos e anos de autoconhecimento e de amadurecimento, e ao perceber que, se eu me negasse aquilo que sou, estaria negando minha própria felicidade! E você, será que também não está vivendo assim?
Black mirror – a vida pela tela do celular
Um dia desses, um amigo me contou uma história curiosa. Por uma circunstância da vida, ele se viu cara a cara com o Papa! Sim, Sua Santidade, o Papa. Ele, que nem católico é, ficou tocado com aquele momento. Afinal, não é toda hora que nos deparamos com uma personalidade que traz tanta força e poder. E sabe o que mais o impressionou? Que boa parte das pessoas que estavam com ele naquele mesmo instante, em vez de viver aquela ocasião, estavam preocupadas em fotografar, filmar, postar, enfim, registrar!
E não precisamos ir muito longe! Veja qualquer show, de qualquer estilo musical, e o que se mais vê são mãos segurando celulares o tempo todo!
O que isto nos mostra? Que estamos deixando de viver o momento para registrá-los simplesmente. Estamos deixando de guardarmos ocasiões mágicas em nossas memórias para estamparmos nas redes sociais para que outras pessoas possam vê-las!
Para mim, este é o ápice da falta de autenticidade! Estamos perdendo nosso próprio momento para mostrá-los aos outros!
O paradoxo das redes sociais
Este, para mim, é o grande paradoxo das redes sociais. Se com elas podemos quebrar o monopólio da grande mídia, o que teoricamente nos levaria a sermos mais autênticos e menos massificados, a necessidade de mostrarmos aos outros que fazemos mais, nos divertimos mais, temos mais, somos mais, nos torna escravos dos personagens que criamos de nós mesmos! E personagens que não nos representam, mas sim, aquilo que os outros esperam de nós.
Essas atitudes estão nos afastando cada vez mais de nós mesmos, de nossa essência, das nossas virtudes e dos nossos defeitos! Porque nas redes sociais não podemos expor nossas imperfeições, então, vamos escondendo-as, negando-as, e dessa forma, negamos a nós mesmos.
Há uma frase da Clarice Lispector, e esta é dela mesmo…rs, que diz assim: “ Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro”.
Nossos defeitos, nossas imperfeições nos tornam únicos e especiais. Quando assumimos nossas imperfeições, passamos a exigir menos de nós mesmos e nos tornamos mais plenos com a vida.
Ter a coragem de ser imperfeito e vulnerável nos torna mais abertos aos erros e, com isso, temos mais forças para nos relacionar, aceitar desafios, buscar aquilo que realmente nos faz mais felizes. É exatamente assim que enxergo a vida. Você não pode deixar de tentar, por ter medo de errar. Quebrar a cara, errar, recuar, mudar de ideia não é sinônimo de fraqueza, mas sim, de coragem de lutar por aquilo em que acredita.
Por isso, nunca é tarde para se autoconhecer, para se revisitar, entender quem realmente você é, o que o torna único e especial, o que verdadeiramente lhe dá prazer… E, principalmente, nunca é tarde para deixar para trás rótulos, estereótipos, e para deixar de fazer só aquilo que se espera de nós!
Liberte-se dos seus medos, das suas vergonhas, pare de pensar no que os outros vão pensar! Tenha a coragem de ser você mesmo, de nadar contra a corrente, de ter suas próprias ideias e convicções. Afinal, esta vida é somente uma, e você não vai querer passá-la inteira representando algo que não é, vai?! Lembre-se: você é o único responsável por sua felicidade! Tire as máscaras e vá à luta!
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Busque seu propósito. Deixe o seu legado.
Rê Spallicci