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Diversidade & Inclusão

Dia Mundial do Empreendedorismo Feminino

O que ainda precisamos buscar para a tão sonhada igualdade de gêneros?

 19 de novembro de 2020
7 min de leitura

Dia Mundial do Empreendedorismo Feminino

Hoje, 19 de novembro, é o Dia do Empreendedorismo Feminino. Uma iniciativa da ONU Mulheres que tem como propósito unir, fortalecer e ampliar os esforços mundiais em defesa dos direitos humanos das mulheres.

Não é de hoje, tampouco desde 2014, ano em que esse dia foi instituído, que as mulheres lutam para atrair a atenção para o impacto econômico e social desse movimento que fortalece o protagonismo feminino. Ocupamos-  e tenho orgulho de colocar esse verbo no plural-, cada dia mais espaço em todos os segmentos no mundo dos negócios, embora ainda existam obstáculos de toda a ordem para os superarmos.

Jornadas duplas e triplas…

Jornadas duplas e triplas...

Segundo os últimos dados do PNADC (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), 9,3 milhões de brasileiras são líderes em seus negócios. Um número que pode até surpreender muitos, mas que não revela as dificuldades dessa realidade. Com certeza somos mais.  Somos líderes e protagonistas na luta diária como donas de casa, responsáveis pelo orçamento e pela contabilidade doméstica; somos gerentes, diretoras, CEOs, comandando negócios de todo o tipo, sem, no entanto, ganharmos títulos ou salários sequer equiparados aos dos homens ou que justifiquem essas demandas. Empreendemos para muitos e ainda pouco para nós mesmas: isso está cada vez mais claro.

Mas, o que fazer para mudar ou seguir empreendendo diante desse  panorama? Cursos on-line (o que mais tem hoje!), ler bestsellers, exemplos incansavelmente propagados pela mídia é o que não falta. E, nessa busca, a curiosidade, a resiliência, a sororidade e, sobretudo, a força de vontade feminina é o que segue comandando essa tarefa das mulheres que querem empreender.

Querer saber muito e sempre mais sobre o mercado onde você vai atuar, não desistir ao encontrar a primeira dificuldade (ela faz parte do percurso), buscar o exemplo de outras mulheres vencedoras que enfrentaram adversidades, espantar a inveja do caminho, e não abrir mão daquilo que nos faz fortes: ter humildade para aprender e tolerância para conquistar. Tudo isso faz parte do desafio, mas…

Qualquer negócio pode ser bom, desde que seja um produto ou serviço com demanda no mercado (onde e quem está precisando?), além, é claro, de ser diferenciado. E o segredo é descobrir o que pode destacar aquilo que você quer “vender” de um produto ou serviço similar. Ou melhor, antes de investir, busque saber por que alguém iria comprar o que você quer vender, se existe e onde está o seu concorrente! Qual a razão do sucesso dele?

Geralmente, isso está claro na comunicação, veja lá! E,  se possível, confira. Depois, observe o produto ou serviço que você quer empreender. O que ele pode ser melhor, mais interessante, mais necessário, mais adequado, enfim, o que ele tem de diferente para que um grupo X de pessoas possa se interessar por ele, em vez de adquirir outro. E que pessoas são essas? Onde elas estão? O que você tem de fazer para alcançá-las? 

A tarefa não é fácil. Mas é importante que você tenha isso em mente, antes de achar que vai dar certo,  ou porque um parente achou, o namorado gostou, o vizinho experimentou…..São eles os compradores em potencial do seu produto ou serviço? Talvez, nem você mesma seja.         

Além desse exercício primordial, reconhecer sua capacidade, seus medos, suas possibilidades, as dificuldades que pode enfrentar antes de passar por elas, é o que você também não pode deixar de fazer.  Empreendedorismo não é só pensar no quanto você pode faturar com o seu negócio. É sondar, antes de tudo, o caminho a ser percorrido para que ele possa acontecer.

Conhece o Experimento do Marshmallow?

Em 1970, um psicólogo estudioso do comportamento humano, colocou crianças em uma sala-espelho com um marshmallow à frente de cada uma delas. Antes de sair, ele prometeu que voltaria em seguida e, se elas não comessem o marshmallow, ganhariam outro como recompensa, quando ele voltasse! O estudo fez a medição da capacidade de sucesso dessas crianças por dez anos consecutivos.  O resultado surpreendeu: as crianças que resistiram à tentação de comer o doce na hora, tiveram mais sucesso do que as outras. Esse é um reflexo da capacidade que nós temos de trabalhar com uma recompensa adiada, em vez de imediata.

Para quem quer empreender, isso significa investir, lutar e se estruturar em prol de algo muito maior a médio e longo prazos. Nada de ir com muita sede ao pote!

As mudanças no ambiente pedem mais reflexão do que coragem

Coragem é algo imprescindível para quem quer empreender. Porque é sempre um risco, seja lá o tamanho do negócio. E ser uma mulher empreendedora já é um risco a mais, porque, dependendo do negócio, o machismo ainda impera, coloca em dúvida a nossa capacidade, estabelece algumas dificuldades de gênero que nem existem, mas que fazem parte desse mundo masculinamente estruturado. Por outro lado, esse assunto – o empreendedorismo feminino, ganha cada vez mais atenção. No final de 2019, um relatório do Sebrae, em parceria com o IBPQ, afirmava que a taxa de empreendedoras que estão no estágio inicial do negócio (até 3,5 anos) foi de 16 milhões de mulheres, um total que representava metade dos negócios empreendidos nesse tempo. Isso não só reflete o empoderamento da mulher, mas também a importância de nossa luta pela igualdade de gênero, e o lugar que ocupamos hoje na economia.

Essa conquista está transformando os ambientes de negócio, antes predominantemente masculinos, ligados à força e à autoridade do homem, em lugares mais inclusivos e inovadores.

Ao impulsionar uma forma diferente de empreender, as mulheres conquistam protagonismo e mais espaço, bem como reconhecimento e satisfação na vida pessoal e profissional. E isso tem sido um caminho sem volta, porque, além de aumentar a renda familiar, gera mais empregos e abre as portas do mercado para cada vez mais… mulheres.  Um dado diz muito a esse respeito: três em cada quatro lares são chefiados por mulheres e, deste número, 41% já têm o próprio negócio no varejo ou serviço.

E só de pensar o quanto faz pouco tempo que essa possibilidade nos foi garantida, dá arrepios. Foi na Constituição de1988 que tivemos a igualdade jurídica sacramentada. Lá estão os nossos direitos legalmente colocados como sendo os mesmos que os dos homens.

Dá pra acreditar?

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Rê Spallicci