Empreendedorismo - Como e por que é tão importante fazer a divisão de caixas dentro da sua empresa
Como já comentei com vocês, nos últimos seis meses, estou tendo uma das experiências mais maravilhosas da minha vida, ao dar vazão ao meu lado empreendedor e abrir a minha primeira empresa: a Editora Legacy, que está estreando no mercado editorial brasileiro com o meu livro Do Sonho à Realização.
E uma das primeiras atitudes que tomei, ao criar minha empresa, foi separar completamente o caixa da companhia de minha conta pessoal. E fiz isso porque sei que não realizar essa divisão entre as despesas pessoais e as da empresa pode provocar uma grande confusão para quem está começando a gerir o próprio negócio.
Por trabalhar na empresa da minha família desde cedo, a Apsen, eu sei o quanto ter uma gestão profissional é essencial, motivo pelo qual não hesitei em fazer esse movimento de separação das pessoas física e jurídica, logo no início da Legacy.
Afinal, eu sei o quanto é fundamental organizar as contas e definir, desde o princípio, o fluxo de sua gestão do caixa, para que o dinheiro da empresa não seja usado de forma incorreta, e suas reservas não virem salvação de problemas empresariais.
Quando não se faz um planejamento prévio e não se define com clareza de onde virão os investimentos, é muito comum que o patrimônio da família seja comprometido.
A origem dos problemas
Infelizmente, tenho visto, com certa frequência, que muitas pessoas que estão iniciando o próprio negócio, ou até mesmo aqueles que já têm experiência, mas enfrentam problemas de gestão, acabam fazendo uma bagunça entre a vida pessoal e a empresarial e é aí que ocorre boa parte dos problemas das empresas.
Um país que não possui uma educação financeira ativa gera reflexos no universo do empreendedorismo, como empresários que usam o cartão corporativo para pagar contas pessoais, viagens, imóveis, ao invés de investirem na expansão e melhorias de seu negócio.
Por isso, se você quer o bem de seu negócio, que ele seja algo perene e que vá ser além de um provedor imediato para o seu sustento, fazer a diferenciação de pessoa física e jurídica é uma decisão que não pode ser adiada!
Os riscos da mistura dos caixas
Esse tipo de comportamento, em que pessoa física e jurídica se misturam, não é nada saudável e, em curto e médio prazos, pode levar à derrocada do seu empreendimento.
Os riscos para quem mescla pessoa física e jurídica podem ser graves e refletirem, não somente na sua gestão, mas até mesmo em problemas fiscais. E o pior: vão afetar sua vida e a da sua empresa!
Isso porque, a pessoa física pode se prejudicar, pois, como não está documentado o valor das retiradas, o fisco pode tributar todos os valores que recebeu. Já a empresa pode ser pega pela receita por pagar contas pessoais com o dinheiro da empresa e não fazer a diferenciação. Em resumo! Você vai arrumar um grande problema com o Leão do Imposto de Renda!
E, além desses problemas de ordem fiscal, a mistura dos gastos de pessoa física e jurídica pode interferir nas despesas da empresa e, consequentemente, nos resultados alcançados.
Faça a separação desde o início do negócio
Iniciar um novo negócio não é nada fácil! São vários fatores para se resolver e muitas decisões a tomar. E, infelizmente, no Brasil, temos vários obstáculos para quem quer empreender.
Alta carga tributária, burocracia, dificuldade em conseguir o crédito necessário, enfim, é até chover no molhado dizer o quanto é complicado começar uma empresa em nosso País.
E isso faz com que a ação de dividir claramente os caixas pessoal e da empresa, além de pensar em como será a divisão do lucro do seu empreendimento tenda a ficar para um segundo momento.
Entretanto, tenho de lhe informar que esta é uma decisão que não pode ser adiada, pois ela tem a ver diretamente com a saúde financeira de sua empresa e com a cultura organizacional e financeira que você está criando para ela.
Como fazer?
Para organizar esta questão e trabalhar com base em parâmetros claros, é essencial que se fixe um valor x a ser retirado mensalmente por você e por seus sócios, caso os tenha. Mas, antes, é importante conhecer quais são suas alternativas, e definir qual delas melhor se encaixa no planejamento financeiro de sua empresa.
Afinal, há vários modelos que você pode utilizar para prover sua remuneração, como explico no quadro abaixo:
Eu sei muito bem que uma empresa, especialmente no início, pode passar meses, ou até mesmo um ano, sem ter lucro efetivo. Por isso, falar em salário e dividendos no começo de um empreendimento pode parecer até utópico! Rs… Mas é claro que você tem esse objetivo ao empreender, certo? Então, o melhor é definir as regras do jogo logo no princípio das atividades de sua empresa!
Ainda mais porque é exatamente esta dificuldade que, muitas vezes, faz com que o empreendedor se veja obrigado a investir o próprio dinheiro para manter o negócio vivo, o que pode prejudicar a qualidade de vida de sua família e contas pessoais.
Para evitar que isso aconteça, o ideal é fazer um bom planejamento financeiro tanto pessoal como profissional, definir os valores investidos na empresa (que não podem ser mexidos) e buscar separar, ao máximo, os recursos do negócio daqueles referentes às suas finanças pessoais.
Com este objetivo, é importante que você construa um fundo de reserva para sua vida pessoal, ou seja, que tenha um montante para passar pelos meses de instabilidade mais tranquilamente.
Tal procedimento é uma forma de separar a pessoa física da pessoa jurídica e vice-versa e de não deixar que ambas as personas se prejudiquem mutuamente.
Como disse antes, misturar o dinheiro da empresa e fazer dele a fonte de investimentos e pagamentos pessoais é um dos principais erros que os empreendedores cometem, e uma das atitudes que prejudicam demais o negócio.
Para finalizar, resumi os pontos mais importantes em cinco dicas. Agora você não tem mais desculpa de não tomar a atitude imediata de separar desde já o caixa da sua empresa de sua conta pessoal!
DICA 1 – SEPARE AS CONTAS
Quando um empreendedor está iniciando um negócio, antes de qualquer procedimento burocrático, o primeiro passo é separar sua conta física daquela da pessoa jurídica. Por mais organizado que você seja, caso centralize todas as contas em uma pessoa só, as chances de alguma despesa de sua casa e de sua empresa se misturarem são enormes.
Por isso, é necessário abrir uma conta financeira especialmente para a pessoa jurídica da empresa (É de lá que vai sair todo o dinheiro para pagamentos de contas do seu negócio).
A melhor forma de fazer isto é abrir uma conta jurídica no mesmo banco em que tem uma conta física. Muitas vezes, os bancos oferecem pacotes com planos vantajosos para quem já é cliente, tanto para pessoa física, quanto para a jurídica, que garantem mais segurança e clareza na hora de ajustar os gastos. Não deixe de pesquisar os benefícios de outros bancos, antes de fechar os pacotes.
DICA 2 – DEFINA RETIRADAS
Em diversas ocasiões, é possível observar empresários que defendem a visão de não possuírem um salário fixo, por conta de serem proprietários do negócio, e deixarem o seu “salário” variar de acordo com o lucro obtido pela empresa naquele mês. Mas esta visão está totalmente distorcida, pois isso pode resultar na retirada de dinheiro que era para ser investido no crescimento da empresa, ou até mesmo em investimentos em sua casa, família e vida pessoal.
Para garantir que o retorno financeiro permaneça em ordem, todos os proprietários e sócios do negócio precisam ter um valor de pagamento definido. O valor deve ser acertado, movimentado sempre da conta jurídica para a pessoa física, e ocorrer conforme o programado, independente da sua necessidade como pessoa física.
DICA 3 – PROCURE AUXÍLIO
Muitas vezes, para compreender o caminho que devemos percorrer, nós precisamos de alguém que nos mostre no papel por onde começar a trilhar e nos auxilie no passo a passo da jornada de crescimento da empresa.
Se você ainda se sentir inseguro, não há nada de mau em entrar em contato com uma consultoria para esclarecer todas as suas dúvidas e encaminhar os trâmites burocráticos do início do seu empreendimento. Caso não tenha condições de bancar ajuda profissional, recorra ao Sebrae, que oferece serviços gratuitos de apoio a pequenas empresas.
Além disso, existem softwares capazes de organizar, otimizar e proporcionar um controle maior das finanças de sua empresa, e o valor investido nesse tipo de programa se pagará em curto prazo.
DICA 4 – FAÇA UM PLANO DE NEGÓCIOS
A fim de organizar o planejamento de sua empresa, é fundamental construir um Plano de Negócios (aqui também entra a ajuda de um consultor, ou até mesmo do Sebrae).
Fazer as contas sobre o orçamento e traçar uma meta para controlar a empresa no próximo ano vai garantir menos surpresas desagradáveis para o seu caixa. O Plano de Negócios também vai lhe mostrar o investimento mínimo que é preciso fazer e como se programar para o ano seguinte.
DICA 5– MANTENHA-SE INFORMADO
A falta de informação de muitos pequenos empreendedores sobre o próprio negócio, em relação aos seus direitos e deveres, pode atrapalhar sua tomada de decisões dentro da empresa.
É extremamente importante que você saiba o básico, ou tenha alguém, como um contador, que o auxilie na identificação de oportunidades no que se refere aos produtos financeiros disponíveis para o setor de atuação da sua empresa. Até mesmo para auxiliá-lo com alguns indicadores econômicos que identificam se a empresa está saudável, avaliam faturamentos, custo fixo, total e margem de lucro.
Enfim, desenvolva uma cultura financeira positiva, jamais misture finanças pessoais e empresariais, saiba administrar os resultados de forma assertiva e tenha pensamentos e atitudes que levem a empresa a crescer em todos os sentidos. Para isso, respeite as regras, seja disciplinado em suas retiradas e as faça sempre com responsabilidade, pois quando você retira mais do que o estipulado está prejudicando tanto a si mesmo como ao seu negócio.
Espero que tenha curtido as dicas e que o artigo tenha sido útil para você que está pensando em começar um empreendimento ou para você que já tem um negócio e quer melhorar sua gestão!
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Busque seu propósito. Deixe seu legado.
Rê Spallicci