Como ser mais feliz em seu emprego e ter mais propósito em seu trabalho customizando o seu dia a dia.
Um dos sentimentos que mais observo nas pessoas com quem eu convivo, seja no ambiente profissional ou pessoal, e até mesmo nas minhas interações virtuais nas redes sociais, é o de insatisfação com seus atuais empregos.
E esta percepção não é somente minha. Uma recente pesquisa realizada pela Love Mondays, que teve por objetivo comparar a satisfação no trabalho no Brasil, México e Argentina, mostra que os profissionais brasileiros são os menos satisfeitos com o seu emprego.
A pesquisa avaliou os níveis de satisfação dos profissionais em relação à oportunidade de carreira, cultura da empresa, qualidade de vida, remuneração e benefícios e ao trabalho em geral. Entre os três países, o México apresentou os melhores índices em todos os quesitos.
Os índices são medidos de 1 a 5, sendo 1 ‘muito insatisfeito’ e 5 ‘muito satisfeito’. No Brasil, a maior nota foi para Satisfação geral, com 3,47. No quesito satisfação com cultura da empresa, Brasil e Argentina empataram com 3,20, enquanto o México teve nota 3,48. Em Remuneração e Benefícios, os profissionais argentinos se mostraram os menos satisfeitos, com nota 3,16.
Você também está nesta situação? Se a resposta for “sim” e se a mudança de emprego for algo difícil nesse momento de retração econômica, saiba que sua insatisfação no emprego pode ser resolvida por meio do Job Crafting, uma ferramenta poderosa para reenergizar e reimaginar sua vida profissional.
Job Crafting: a customização do emprego
A ferramenta Job Crafting foi criada por Amy Wrzesniewski, professora de comportamento organizacional na Yale School of Management, Justin M. Berg, doutorando na Wharton School da Universidade da Pensilvânia, e Jane E. Dutton, professora de Administração de Empresas e Psicologia da Ross School of Business da Universidade de Michigan, com o objetivo de redefinir o trabalho incorporando a ele seus propósitos, forças e paixões.
“O exercício leva você a visualizar o trabalho, mapear seus elementos e reorganizá-los para que melhor se adapte a você. Desta forma, você pode colocar toques pessoais em como você vê e faz o seu trabalho”, explicam os professores em artigo publicado na Harvard Business Review.
Segundo os teóricos, ao utilizar a ferramenta, o profissional ganha uma maior sensação de controle no trabalho – o que é especialmente crítico em um momento em que você provavelmente está trabalhando mais e saindo cada vez mais tarde.
Como colocar em prática
Uma maneira simples de iniciar o processo de customização do trabalho é prestar atenção às suas emoções, ao longo do dia. Observe as tarefas e atividades que você está fazendo e seus sentimentos sobre cada uma delas. Tente analisar, ao longo de alguns dias em seu trabalho: quais são seus padrões típicos? Quanta interação você tem com colegas de trabalho, clientes ou supervisores? É suficiente, muito ou muito pouco? Quais são seus pontos fortes, motivos e paixão?
Depois de analisar o que você faz e como se sente a respeito, comece a procurar maneiras de melhorar as áreas em que você está atualmente insatisfeito. Por exemplo, se você costuma se sentir isolado porque passa muito tempo lendo relatórios, pense se não há uma maneira de ler esses documentos em um ambiente mais público com as pessoas mais próximas. Ou então, que tal quebrar a leitura em vários momentos do dia e equilibrar esses momentos bem pesados com mais atividades sociais?
Perceba que atividades você executa e que o energizam, e quais aquelas que você sempre evita. Por quê? Quais habilidades ou talentos você está usando ou não está usando?
Você pode fazer esse trabalho com seus colegas, e isso pode render excelentes resultados para todos. Todos nós temos que ter permissão para admitir que não apreciamos todos os aspectos do nosso trabalho e, ao compartilharmos isso, muitas vezes, conseguimos definir mudanças de responsabilidades. Às vezes, o que é a pior parte do seu dia é a melhor para o seu par e vice-versa, e vocês podem trocar as atividades, melhorando a satisfação de ambos.
As três dimensões que podem ser revistas
O exercício que os criadores do Job Crafting sugerem para que você possa customizar seu trabalho, envolve a avaliação e a alteração de um ou mais dos seguintes aspectos principais do trabalho:
O diretor de uma instituição sem fins lucrativos, por exemplo, pode pensar em seu trabalho como duas partes separadas: uma não particularmente agradável (a busca de contribuições e doações), e outra muito significativa (criando oportunidades para artistas emergentes). Ou o líder de uma unidade de P & D pode considerar seu trabalho como uma forma de avançar a ciência em seu campo, em vez de simplesmente gerenciar projetos.
A percepção das empresas
Nem todas as organizações apoiam a criação de emprego, é claro, mas mesmo as mudanças sutis que você faz por conta própria podem aumentar a sua satisfação com o seu trabalho. Você pode não ser capaz de mudar suas responsabilidades básicas ou atividades do dia a dia, mas pode mudar algumas rotinas que já vão satisfazê-lo, e muito!
Mas a verdade é que as organizações têm muito a ganhar, permitindo a customização do trabalho. Principalmente em uma época na qual os recursos de pagamento são limitados ou as promoções são impossíveis, o Job Crafting pode dar às empresas uma maneira diferente de motivar e reter seus funcionários mais talentosos.
Apesar desses benefícios, no entanto, a criação de emprego pode ser fácil de ignorar: as pressões de tempo e outras restrições podem obrigá-lo a ver seu trabalho como uma lista fixa de tarefas. Mas está em suas mãos não deixar que isso aconteça!
A customização do trabalho requer, em última análise, que você perceba que o seu trabalho compreende um conjunto de blocos de construção que pode ser reconfigurado para criar experiências mais envolventes e gratificantes para você e com melhores resultados para a sua empresa.
Ter uma sensação de propósito e significado no trabalho é incrivelmente importante para a maioria das empresas. E a customização do trabalho é uma das muitas coisas que elas podem implementar facilmente por pouco custo, e assim, aumentar o comprometimento dos funcionários.
Mas lembre-se de que você é o maior responsável pelo seu desenvolvimento e crescimento profissional. Não fique à espera de que a sua empresa tome atitudes para melhorar a sua satisfação no emprego. Busque as mudanças sugeridas dentro da ferramenta do Job Crafting e mude o seu modelo mental! Esteja sempre receptivo a novos projetos e interações com outras áreas e aceite os novos desafios de peito aberto. Com certeza, há muito em seu trabalho que você pode fazer de outra maneira e ser muito mais feliz!
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Busque seu propósito. Deixe seu legado.
Rê Spallicci