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Gestão e Liderança

Liderar é entender que nem todos são iguais e agir com empatia

Em tempos de crise, o bom líder não despreza o medo, nem o estresse dos liderados, mas consegue compreendê-los e apoiá-los na superação.

 27 de agosto de 2020
6 min de leitura

Liderar é entender que nem todos são iguais e agir com empatia

Dia desses li sobre uma CEO de uma renomada empresa americana que, no auge da crise financeira de 2009, conseguiu manter a calma, mesmo nos momentos de maior estresse e pressão e, de maneira estratégica, levou sua companhia a passar sem perdas financeiras expressivas pela grande crise.

Passado o turbilhão e após todos os elogios feitos a ela pelos seus resultados,  foi notificada pelo board da companhia que teria de fazer um trabalho com um coach sobre liderança. Na visão da empresa, ela poderia ter vencido a guerra e superado a crise, mas sua equipe estava infeliz e destruída. E esse preço talvez tivesse sido alto demais.

Ela se sentiu traída por sua equipe, que, a seu ver, a  havia abandonado. Mas o que nunca lhe ocorreu é que os membros de sua equipe poderiam não ser tão implacavelmente resistentes e mentalmente duros como ela, e que não perceber isso é que a tinha levado àquela situação. 

Falta de empatia

Falta de empatia

O coach que a atendeu, percebeu logo qual era o problema a ser trabalhado em sua coachee: falta de empatia.

Ao longo de todo o processo de condução na crise, a CEO tratava com desprezo todos os da sua equipe que demonstravam medo, estresse e qualquer tipo de comportamento que fosse diferente do seu comportamento frio e estratégico, esquecendo-se de que não somos todos iguais!  

E esse tipo de atitude para com a equipe é mais normal do que imaginamos, e tão prejudicial quanto a agressividade. E não se engane: todos nós estamos sujeitos a ter tal comportamento.

Quantas vezes você já não sentiu vontade (ou realmente fez) de revirar os olhos para algum comentário ou ação que não julgou pertinente? Quantas vezes já não passaram por sua mente –  “Que perdedor”, “Controle-se”. Você já olhou com desprezo para essa pessoa ou culpando-a por sua fraqueza?

Se essas coisas estiverem acontecendo ou já aconteceram com você,  não estará mais criando uma zona de segurança psicológica para si e seus liderados e, certamente, perderá a  eficácia como líder.

A verdade é que somos seres únicos, e agir de forma diferente diante de  momentos de pressão e crise não necessariamente são sinais de fraqueza. Muitas vezes, nossas experiências nos levaram a situações de estresse maiores que nos prepararam para outras crises, mas cada um de nós tem uma história e, possivelmente, há  pessoas em sua equipe que podem estar experimentando a primeira grande provação profissional.

Como lidar para evitar o desprezo e garantir a empatia

Se você é um líder excepcionalmente forte e resiliente, como o exemplo da CEO que citei no início de nosso texto, reconheça que você é incomum e não julgue os outros tomando a si mesmo por base. Em vez disso, pense no que o preparou para as experiências que o tornaram mais forte. Em seguida, aplique esse pensamento a outras pessoas, que não foram treinadas como você. Considere “O que há de errado com elas?”. Não se precipite em julgá-las como falhas. Você não tem ideia do que mais pode estar acontecendo com elas. E não se esqueça da loteria genética – parte de sua estabilidade pode ser inata, e você não pode levar o crédito por isso.

Lembre-se de quem essas pessoas realmente são, e não  quem são elas  neste momento. Se você as despreza, veja se consegue descobrir três coisas que respeita nelas. O que  realizaram que é importante para você ou para a organização? Quando elas saíram de seu caminho por você ou por alguém de sua equipe? Se você não consegue pensar em nada, provavelmente está estressado demais para pensar direito – ou precisa voltar sua atenção para si mesmo. Se essas pessoas realmente não estão à altura do desafio de estar em sua equipe, por que elas ainda estão nela? Não é culpa delas  você ter escolhido mantê-las lá.

Empatia envolve fazer um esforço extra para ser gentil. Caminhe pela ponte até onde a outra pessoa está, tente ver o mundo do ponto de vista dela e ajude-a a ver o seu. E finalmente, para criar o impacto que deseja, pergunte-se o seguinte: Quem eu quero ser agora? Estou vivendo meus valores? Pergunte a si mesmo cerca de 30 vezes hoje. E então faça tudo de novo amanhã.

É nos momentos de crise que os líderes mostram o que têm de melhor, mas, muitas vezes, também aquilo que têm de pior. Para que esse seu lado não se sobressaia, fique atento a essas dicas e tenha empatia com  sua equipe! As crises passam, mas a sua imagem de líder é construída a cada dia. Lembre-se sempre disso!

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Rê Spallicci