Conheça a história de Claudinei Montes e Lau Polinésio, duas pessoas que resolveram transformar suas paixões em uma nova carreira.
Juntar paixão e trabalho é algo que todo mundo busca, mas são poucos os que realmente alcançam este sonho. E talvez o grande segredo para se alcançar esse objetivo seja descobrir seus verdadeiros propósitos de vida, em uma busca constante por autoconhecimento e por compreensão daquilo que nos torna mas felizes. E isso pode ser algo que está totalmente ao nosso alcance, longe do que normalmente associamos ao que seria unir paixão com trabalho.
Muitas vezes, tendemos a acreditar que esta possibilidade só está ligada à pessoas como atletas de sucesso, cantoras, atrizes e tantas outras personalidades que conseguem conciliar seu amor ao ganha-pão. Mas há também inúmeras pessoas que ficam fora dos holofotes e que conseguem, sim, viver daquilo que amam. Alguns, desde o começo de suas vidas profissionais, e outros que foram, ao longo dos anos, construindo as possibilidades para realizar este sonho.
E é esse o caso de Claudinei Montes. Formado em jornalismo, trabalhou por 25 anos na Editora Abril, mas sempre cultivou uma enorme paixão por motocicletas. “Desde pequeno, as motos sempre foram minha paixão. O primeiro dinheiro que juntei foi para comprar uma e sonhava em poder trabalhar com algo que me deixasse perto desse mundo”, relata. Mas o mais perto que Claudinei chegava da sua paixão, enquanto trabalhava como jornalista, era escrevendo matérias sobre o tema para revistas como Playboy, VIP além de fazer cobertura dos Salões de Duas Rodas e outras temas ligados ao meio das motocicletas.
Foi em um hiato em sua carreira na editora, no ano de 2002, que Claudinei começou a colocar de pé o seu sonho. Naquele ano, abriu a ABC Moto Aventura, uma loja especializada em roupas e acessórios para motociclistas, oficina multimarcas, lava-motos e um aconchegante bar com rock and roll ao vivo aos sábados. “Além das motos em si, o estilo de vida do mundo das motos me fascina e, na minha loja, eu consegui unir todas essas paixões.”
Mas se engana quem pensa que apenas a paixão guiou Claudinei. Assim como em todo negócio, antes de abrir as portas, ele se capacitou: fez um curso no SEBRAE, pesquisas de mercado e uma detalhada programação financeira, até tirar o sonho do papel. Logo depois de abrir a loja, Claudinei foi chamado para voltar para a editora, onde ficou até 2013, exercendo ambas as atividades. “Meu filho ficou à frente da loja até que há três anos me senti seguro para ficar somente com a loja”, revela.
Descobrindo a sua paixão
Se Claudinei sempre teve claro qual era a sua paixão e traçou um plano bastante preciso para mudar de carreira, o mesmo não se pode dizer de Lau Polinésio, hoje fotógrafo de expressão nos segmentos corporativo e de viagens. Aos 30 e poucos anos, do alto de um bom cargo na Fiat do Brasil, Lau decidiu largar tudo para buscar algo que o fizesse mais feliz. “Antes de tudo, fiz uma programação financeira para deixar tranquilos meu filho e minha esposa à época. Se eu não tivesse me programado e não tivesse tido todo o apoio da minha ex-esposa, talvez essa jornada teria sido mais difícil”, afirma Lau.
Vivendo uma verdadeira aventura, Lau saiu de São Paulo, foi de carona em um caminhão até Manaus , de onde voou para os Estados Unidos. O plano era ir de lá para a Itália, mas a cidade de Nova York o fascinou. Ele tinha uma câmera que havia pegado emprestado do meu pai e começou a fazer fotos, impulsionado pela paixão que a cidade o despertou e pelo seu momento especial de felicidade.
Um ano após viajar pelo mundo, Lau voltou para o Brasil ainda sem saber que rumo daria a sua vida até que uma amiga, a jornalista Renata Falzoni, viu suas fotos e se encantou. “Ela me disse que aquelas fotos eram muito melhores do que de muito fotógrafo consagrado que ela conhecia. Aquilo me animou e senti que havia descoberto a minha nova carreira.”
Com seu conhecimento do mundo corporativo, graças à experiência que ele havia tido na Fiat, Lau foi entrando no mercado de fotos corporativas e se tornou uma referência no setor, construindo uma sólida carreira de mais de três décadas. Depois que já estava bem estabelecido no mercado corporativo, começou a fazer fotos para diversas revistas de bordo. unindo duas paixões: a fotografia e as viagens. “Conheci o mundo, graças às minhas lentes.”
Programar é fundamental
Porém, por mais que a história de Lau, ao contrário da de Claudinei, pareça uma sucessão de fatos aleatórios e de sorte, em ambas tudo só foi possível, por meio do seu planejamento inicial.
E é isso que aconselha a psicóloga Raquel Sarmento, Consultora de Desenvolvimento Humano, Coach profissional e pessoal. Segundo ela, para tornar a paixão uma nova profissão, a pessoa deve avaliar com cuidado suas reais possibilidades de exercer determinada atividade e saber que é preciso agir também com a cabeça e não só com o coração. “Fazer uma boa pesquisa sobre como aquele serviço ou produto poderia ter sucesso no mercado, ou seja, realizar uma aprofundada avaliação dos possíveis clientes, de quem são seus competidores, dos valores de investimento versus lucratividade, o que é necessário ser feito para atingir a excelência ou como melhorar o que já é espetacular, e principalmente, quanto de resiliência e ‘folego’ você tem”, analisa.
E é sempre bom ter em mente que na sua nova atividade haverá coisas muito legais e outras mais chatas, mas que são tão importantes para o negócio que é impossível passar sem elas. “Ser realista ajuda, mas não elimina o risco de você acabar vivendo menos sua paixão do que quando era apenas um hobby. Por isso, é muito importante, antes de tomar essa decisão, pesar quanto a parte menos atraente da sua paixão pesa negativamente para você e, definitivamente, qual será a proporção que cada parte boa ou ruim da sua nova profissão vai ocupar em sua vida.”
Por fim, Raquel aconselha. “É preciso explorar bem essa paixão, se atentar a cada detalhe, sonhar de olhos abertos e projetar a nova realidade em sua vida. Qual o impacto que essa mudança vai gerar em mim? Na minha família? Quem são todos os envolvidos e como isso vai afetá-los? Essas perguntas servem para nos aproximar da realidade e transformar nosso sonho em algo possivel e paupável”, finaliza Raquel.
Histórias como as de Claudinei e Lau existem aos montes, e certamente todas elas tem como pontos em comum a coragem para arriscar e assumir sua paixão aliada a um trabalho de planejamento . Portanto, se tem vontade de transformar sua paixão em profissão, analise, programe-se e encare de frente este desafio. Com toda a fé e perseverança do mundo, busque, acima de tudo, ser feliz!
Raquel Sarmento
Formada em Psicologia pela USP e em Coaching pelo ICI – Integrated Coaching Institute, atua como Consultora de Desenvolvimento Humano, Coach profissional e pessoal, Psicoterapeuta, Facilitadora de grupos e Anfitriã praticante da Arte de Anfitriar Conversas Significativas (ArtofHosting). Possui experiência de 15 anos, atuando como Business Partner e Gerente de Desenvolvimento, em empresas como Natura, Unilever, Cargill e Sealed Air. Foi responsável pela implementação de diferentes técnicas e metodologias de gestão de pessoas e desenvolvimento organizacional, como Gestão de Talentos da Lominger, metodologias de Gestão de Desempenho, Academias de Liderança, Gestão do Clima Organizacional, entre outros.
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