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Carreira

Em busca da satisfação no trabalho

Estudo realizado nas cinco regiões do Brasil mostram que grande parte dos trabalhadores sofre de ansiedade e cansaço. Saiba como quebrar esse ciclo.

 25 de fevereiro de 2021
7 min de leitura

Em busca da satisfação no trabalho

Você está feliz com seu trabalho? Sente-se motivado todo dia, ao acordar de manhã para iniciar suas atividades profissionais? Ou simplesmente vai realizando suas tarefas diárias sem nem mesmo pensar nisso?

Recentemente, fiz uma enquete no Linkedin, a fim de entender um pouco melhor essa relação dos profissionais com o trabalho. Dentre as 386 pessoas que responderam, 38% disseram que estão felizes e não pretendem mudar. Outros 38% estão felizes, mas mudariam de emprego; 16% não estão felizes, e 9% querem sair logo de suas posições atuais.

Ansiedade, cansaço, desânimo e frustração

Ansiedade, cansaço, desânimo e frustração

Acredito que os resultados da enquete no meu Linkedin foram bastante positivos, mas uma pesquisa feita pela Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje) mostrou que 52% dos trabalhadores brasileiros sofrem de ansiedade, enquanto estão no local de trabalho. Outros 47% disseram se sentirem cansados com frequência, enquanto o desânimo e a frustração foram apontados como principais sentimentos por 22% e 21% dos profissionais entrevistados, respectivamente. A observação da falta de empatia dentro das empresas foi considerada relevente para 89% dos colaboradores.  Resultados bem preocupantes, não é mesmo?

O estudo foi realizado nas cinco regiões do Brasil, em empresas nacionais e multinacionais de pequeno, médio e grande portes, de quase todos os setores da economia. Intitulada ‘Comunicação Não Violenta nas Organizações’, a pesquisa retrata a forma como 327 profissionais percebem a prática dessa abordagem, a partir de cada um dos tópicos elencados em quatro níveis diferentes: minha equipe, meus pares, liderança e empresa.

Os dados mostram  que, dentre  os dez estados emocionais mais citados pelos funcionários entrevistados, cinco correspondem a sentimentos ligados a necessidades não atendidas, sendo a ansiedade e o cansaço  os dois mais identificados,  seguidos de apreensão, desânimo e frustração, o que se explica pela falta de empatia.

Quando as necessidades são atendidas, os sentimentos são: despreocupação, segurança, calma, realização e satisfação, ou seja, os menos mencionados na pesquisa.

O levantamento ressalta que os colaboradores se sentem mais conectados aos colegas de trabalho que estão mais próximos, do que à liderança da empresa. “Os melhores índices apareceram quando o que estava sendo analisado era a própria equipe do funcionário, ou seja, o seu núcleo mais próximo. Isso ia de alguma forma piorando, à medida que o colaborador falava de pares, liderança, e ainda mais quando falava da empresa. Ou seja, o profissional percebia que ele e pessoas perto dele se atendiam nas escutas, resolviam conflitos e necessidades, mas a empresa de modo geral não fazia isso com tanta efetividade”, disse a especialista em Comunicação Não Violenta e curadora da pesquisa, Pamela Seligmann.

“As necessidades estão por trás de tudo o que fazemos. Cada vez que temos um ato de violência, estamos expressando uma necessidade que não está sendo atendida. De alguma forma, quando somos grosseiros, rudes, violentos, estamos pedindo ajuda”, disse Pamela.  Para ela, os resultados da pesquisa indicam que as empresas precisam trabalhar a percepção dos colaboradores de que estão sendo ouvintes das necessidades dos seus funcionários. “Isso altera o sentimento de confiança, de participação, orgulho de participar, conhecimento, lugar para dar opiniões e ideias, envolvimento, motivação, tudo o que tem a ver com o clima da organização”, disse.

O que fazer para quebrar este ciclo?

Conversando com a psicóloga Maria Eliane da Silva, ela me disse que, levando em consideração fatores como ansiedade, cansaço e frustração no trabalho, as palavras“profissão” e “vocação” são bastante significativas, pois, nesse contexto, o trabalho pode estar refletindo questões da psique. Por isso, segundo ela, tais sintomas podem ser uma oportunidade de refletir sobre a vida profissional e o propósito de vida.

“Os relacionamentos são oportunidades para se conhecer e passar por transformações, e o ambiente de trabalho colabora muito, já que ficamos muitas horas trabalhando. A crise mobiliza o indivíduo a olhar e repensar seu atual estado e, assim, tomar consciência e reavaliar se necessita de mudanças”, explicou a psicóloga.

E também dá algumas dicas importantes para que haja a verdadeira compreensão nesse momento, ajudando os profissionais a encontrarem a felicidade no trabalho:

  • Avalie se a sua profissão abarca as habilidades que você tem em potencial, pois, se o trabalho não explora as potencialidades da pessoa, ela não se sente útil e, muitas vezes, fica difícil desenvolver as tarefas;
  • A profissão reflete a vocação? Nem sempre a profissão exercida é o que a alma quer (vocação). Quando isso acontece, é preciso reavaliar o cargo e lugar em que se está e aonde se quer chegar;
  • Se o relacionamento com os colaboradores reflete alguma relação não resolvida anteriormente com outra “roupagem”, essa é a chance de compreender o que acontece, porque, se isso não for elaborado, tais conflitos ficarão se repetindo;
  • Se está em algum ambiente, a pergunta a ser feita é:“para que isso me serve, o que posso aprender com isso?”;
  • Dividir o tempo é algo que deve ser feito – descanso, lazer e trabalho. É importante colocar sua “energia” em várias áreas da vida. Se a energia se concentrar toda no trabalho, a saúde ficará comprometida, tanto  física como  mentalmente. O desenvolvimento da identidade também ficará prejudicado; 
  • Respeite os horários de intervalo (café, almoço, lanche) para descansar e não para resolver problemas: se a mente estiver calma, a solução de problemas ficará mais fácil;
  • Tenha planejamento: é importante definir prioridades;
  • Mantenha a organização: isso ajuda a organizar a mente; 
  • Mesmo tendo uma rotina, tente mudar algumas coisas, tornando o seu dia mais agradável. Os hábitos nos são transmitidos por nossa família e ancestrais e, para mudar o que nos provoca sofrimento, precisamos estar “presentes” no momento em que estamos. Normalmente, as preocupações ocorrem baseadas no que já aconteceu ou nas possibilidades do que possa ou não acontecer. Portanto,  normalmente não estão no presente;
  • Conecte-se com a gratidão e com as pessoas com essa vibração também: aqueles com os quais estamos devem nos elevar e não o contrário; 
  • Responsabilize-se pelo seu dia, sendo ele bom ou ruim: culpar os outros não vai tirar você da atual situação;
  • Você não sabe quantos dias terá…Então, trate cada dia como único e crie possibilidades, por menores que sejam, de torná-lo espetacular.  
  • Quando não conseguir resolver problemas sozinho, consulte um amigo, um superior ou ajuda especializada, se for o caso. Mas antes, pare, respire e tente se “ouvir”. Ouvir outras pessoas antes, sem estar conectado consigo mesmo, pode aumentar a confusão.  

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Rê Spallicci