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Carreira

Fazer uma transformação digital vai muito além da tecnologia

Mudar mentalidade e criar espírito colaborativo e de equipe está acima da escolha de ferramentas

 24 de novembro de 2020
6 min de leitura

Fazer uma transformação digital vai muito além da tecnologia

A pandemia do Coronavírus fez com que diversas empresas intensificassem seus processos de transformação digital e a ação passou do que as empresas projetavam fazer para algo que elas precisam fazer!

Por ser uma entusiasta da transformação digital nas corporações, eu já vinha liderando esse processo na Apsen, mas, certamente, o novo cenário nos ajudou a colocar ainda mais esforços nessa fundamental realidade.

Entretanto venho observando que muitas empresas têm errado suas estratégias com relação a esse processo,  pois  colocam seus maiores esforços na tecnologia e não no que, a meu ver, realmente interessa: pessoas e processos.

Mudança de mentalidade

Mudança de mentalidade

A maioria das tecnologias digitais oferece possibilidades de ganhos de eficiência e de aproximação com o cliente, e essa “promessa” leva muitas empresas a investirem pesadamente, já que vislumbram retornos em pouco tempo.

Mas, se as pessoas não tiverem a mentalidade certa para mudar e as práticas organizacionais atuais forem falhas, a verdade é que a Transformação Digital simplesmente aumentará essas falhas. Eu aprendi algumas lições importantes que vêm nos ajudando a realizar uma transformação digital bem-sucedida e, por isso  quero compartilhá-las com você.

Descubra sua estratégia de negócios antes de investir em tecnologia

Líderes que visam aprimorar o desempenho organizacional, por meio do uso de tecnologias digitais, costumam ter uma ferramenta específica em mente. “Nossa organização precisa de uma estratégia de inteligência artificial”, talvez. Mas a transformação digital deve ser guiada por uma estratégia de negócios mais ampla.

Em uma das empresas que estudei, os líderes desenvolveram uma estratégia de três anos para atender a um mercado no qual os aplicativos móveis eram tão importantes quanto as lojas físicas. Eles optaram por focar sua atenção em três áreas: velocidade, inovação e digitalização. A ideia era reduzir os prazos de produção, aumentar a velocidade de lançamento no mercado e melhorar o uso de dados em sua cadeia de suprimentos global. Após o estabelecimento de metas concretas, a empresa decidiu quais ferramentas digitais adotaria. O departamento financeiro adotou uma abordagem semelhante e, por fim, reduziu o tempo de fechamento do mês em mais de 30% e aumentou a eficiência do capital de giro em US $ 200 milhões.

Não existe uma tecnologia única que proporcione “velocidade” ou “inovação”. A melhor combinação de ferramentas para  determinada organização varia de uma estratégia para outra.

Aproveite os talentos internos

Organizações que buscam transformações (digitais ou não), frequentemente  trazem um exército de consultores externos que tendem a aplicar soluções que se adaptam a todos em nome das “melhores práticas”. Já a abordagem que utilizamos foi a de confiar em nossos talentos internos, uma vez que, em minha opinião, não haja ninguém melhor do que as equipes que têm conhecimento íntimo sobre o que funciona e o que não funciona em nossas operações diárias, para conduzirem esse processo.

Projete a experiência do cliente de fora para dentro

Se o objetivo da transformação digital é melhorar a satisfação e a experiência do cliente, qualquer esforço deve ser precedido por uma fase de diagnóstico com informações detalhadas dos clientes. Muito líderes esperam que a implementação de uma única ferramenta ou aplicativo aumente a satisfação do cliente por conta própria. No entanto, a experiência nos ensina que a melhor maneira de maximizar a satisfação do cliente é, muitas vezes, fazer alterações em menor escala em diferentes ferramentas e em distintos pontos do ciclo de serviço. A única maneira de saber onde alterar e como alterar é obtendo informações extensas e detalhadas dos clientes.

Reconheça o medo dos funcionários de serem substituídos

Quando os funcionários percebem que a transformação digital pode ameaçar seus empregos, eles podem, consciente ou inconscientemente, resistir às mudanças. Se a transformação digital se revelar ineficaz, a administração acabará abandonando o esforço, e seus empregos serão salvos (ou assim a maioria pensa). É fundamental que os líderes reconheçam tais receios  e enfatizem que o processo de transformação digital é uma oportunidade para os funcionários atualizarem seus conhecimentos para se adequarem ao mercado do futuro.

Uma possibilidade é solicitar aos colaboradores que  examinem suas contribuições para as organizações e, em seguida, conectar esses pontos fortes aos componentes do processo de transformação digital – que eles então assumirão, se possível.

Esse procedimento  dá aos funcionários o controle sobre como a transformação digital se desenvolverá e o ajudará a enquadrar as novas tecnologias como meios para que eles se tornem ainda melhores no que já faziam.

Fortaleça a cultura da inovação

As start-ups do Vale do Silício são conhecidas por sua agilidade na tomada de decisões, prototipagem rápida e estruturas planas. O processo de transformação digital é inerentemente incerto: as mudanças precisam ser feitas provisoriamente e depois ajustadas; as decisões precisam ser efetuadas  rapidamente; e grupos de toda a organização precisam se envolver. Como resultado, as hierarquias tradicionais atrapalham. É melhor adotar uma estrutura organizacional plana que seja mantida um pouco separada do resto da organização.

Vejo que para um processo de transformação digital de sucesso é necessário trazer este tipo de abordagem para a empresa, nem que seja em um pequeno grupo separado da estrutura tradicional da companhia.

Enfim, observo que as organizações que tiveram sucesso em suas transformações digitais tiveram líderes que concentraram seus esforços em mudar a mentalidade de seus membros, bem como a cultura organizacional e processos, antes de decidirem quais ferramentas digitais usar e como usá-las. O que os membros imaginam ser o futuro da organização impulsionou a tecnologia, e não o contrário. É nisso que acredito! E a sua empresa, como tem conduzido esse processo?

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Rê Spallicci