Embora o futuro da humanidade não dependa das nossas entregas diárias e realizações, é nosso papel como líderes e nossa responsabilidade motivar as equipes para atuarem de forma engajada e comprometida
Por Milton Bragança
No próximo mês completaremos 77 anos do dia D, dia em que os Aliados desembarcaram nas praias da Normandia para iniciar aquela que seria talvez a realização mais importante da Era Moderna e que, de certa forma, nos possibilitou estarmos aqui lendo este artigo.
Eu tive a oportunidade de visitar as praias do desembarque por duas vezes, já que, na primeira vez, minha sensação em estar no lugar que possibilitou o fim de uma das maiores atrocidades da humanidade foi algo inexplicável… E muitos pensamentos me vieram à mente: a coragem daqueles homens, o planejamento para uma operação de tal envergadura, a quantidade de conhecimento e colaboração que foi requerida, o efeito que aquele dia teve na vida de todos, e muitos outros acontecimentos…
Mas, além de ser um apaixonado por História, como profissional de Recursos Humanos, a primeira coisa que passou pela minha cabeça ao estar naquelas praias foi pensar como o papel da liderança fora fundamental para o sucesso das operações.
Naquele dia 6 de junho, 155 mil homens dos exércitos dos Estados Unidos, Grã-Bretanha e Canadá se lançaram nas praias francesas em uma operação planejada e estruturada por meses, em que cada detalhe foi cuidadosamente pensado e, então, deram início à libertação da Europa, o que, em pouco menos de um ano, culminou no fim da Segunda Guerra Mundial.
Mas isso tudo é história e, embora tenha muita admiração por cada um desses heróis que estiveram na operação, aqui eu gostaria de falar sobre liderança.
Como convencer 155 mil homens de nacionalidades diferentes, com formações diferentes a lançarem-se à própria sorte e arriscarem suas vidas?
Não tenho dúvida de que o papel da liderança foi o fator fundamental, assim como todo o planejamento e uma comunicação eficaz, convencendo todos sobre a importância do trabalho que seria realizado por meio daquela operação.
Nas empresas, não temos um dia D… Ou seja, não temos o futuro da humanidade dependendo das nossas entregas diárias e realizações, fato que não diminui nosso papel como líderes, nem nossa responsabilidade de motivar nossas equipes para atuarem de forma engajada e comprometida.
Por isso, é ainda mais importante, diante do nosso papel como líderes, criar um propósito para as pessoas no trabalho. Embora esse deva ser o princípio de tudo, muitos líderes e empresas acabam negligenciando tal papel ou minimizando sua relevância.
Fazer com que as pessoas entendam seus papéis e contribuições para a realização de algo maior, ajudá-las a se sentirem importantes, entendendo que o trabalho de cada membro do time é fundamental, e que só isso possibilita alcançarmos os resultados estratégicos definidos como grupo, deve estar na agenda de todo líder que queira ser bem-sucedido ou de cada empresa que queira verdadeiramente alcançar melhores resultados. E também queira verdadeiramente transformar o mundo, a sociedade, mas, fundamentalmente, a vida das pessoas.
Assim, deixo um convite para nossas lideranças: criem espaços com seus times para compartilharem seus objetivos aos da empresa, engajem cada colaborador, despertando em todo membro um sentimento de orgulho e realização por um propósito maior e entendendo que os resultados só serão alcançados com a contribuição de cada um da equipe.
Milton Bragança
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Busque seu propósito. Deixe o seu legado.
Rê Spallicci
Milton Bragança é especialista em planejamento estratégico de Recursos Humanos, com larga experiência em projetos de liderança e desenvolvimento. Atualmente é diretor de Serviços de RH America Latina na Kantar.