Startup Weekend Women realizada em nove cidades brasileiras possibilita encontros e oportunidades para empreendedoras.
Você já ouviu falar na Startup Weekend? É um evento que dura 54 horas, em um final de semana, e que tem como objetivo unir pessoas que estão a fim de criar novas empresas. Criado nos Estados Unidos, em 2010, o evento teve sua primeira edição em 19 de novembro daquele ano, em São Francisco, e de lá para cá vem ganhando o mundo, inclusive o Brasil.
O projeto funciona assim: no primeiro dia de evento, pessoas que têm ideias para novos negócios ou produtos apresentam rapidamente seus projetos e recrutam outros participantes para integrarem sua “equipe”. Ao final do dia, as melhores ideias são escolhidas, e os grupos têm um final de semana para colocar aquele projeto em pé. As melhores ideias são premiadas.
E logo nos primeiros encontros realizados, a Techstars, empresa organizadora, percebeu um problema: havia um considerável desiquilíbrio de participantes do sexo masculino e feminino, com predomínio dos homens. Foi então que surgiu a ideia de se criar a Startup Weekend Women.“As Startup WeekendWomen são organizadas por mulheres, têm um forte conjunto de mentoras do sexo feminino e buscam patrocínios de organizações cujo objetivo é apoiar mulheres empreendedoras”, revela Tony Celestino, diretor regional da Techstars no Brasil.
Tony Celestino, diretor regional da Techstars no Brasil
E a iniciativa deu certo. Se nas versões da Startup Weekend há em média 33% de mulheres, na versão Women, elas chegam a 80%. Isso porque, apesar de ter o foco no sexo feminino, a SWW não é exclusiva para as mulheres e todos podem participar. Aliás, diversidade é um dos principais focos do encontro. “Há muitas pessoas que já estão no meio empreendedor, é claro, por terem mais conhecimento, vivência e interesse em geral. Mas há pessoas fora da área que participam aos montes. Estudantes, artistas, programadores, designers, músicos. É totalmente liberado e aberto para qualquer pessoa. Tivemos SW que foram vencidas por idosos, inclusive”, comenta Celestino.
No Brasil, a primeira edição do evento para mulheres aconteceu em 2014, em João Pessoa, Paraíba. Em 2015, foram cinco encontros e, neste ano, serão nove em todas as regiões do País. EM 2016, já foram realizadas edições em Recife, Florianópolis, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília, e ainda haverá nas cidades de Natal e Manaus, no dia 18 de novembro, Belém, em 25 de novembro, e São Paulo, em 2 de dezembro. E a cada edição, o número médio de participantes, mentoras e juradas do sexo feminino aumenta.
Um case de sucesso
A equipe da Rede Mete a Colher
E mais do que quantidade, a SWW vem apresentando qualidade nos seus resultados, reflexo do sucesso que os encontros proporcionam. Um dos melhores exemplos é o aplicativo Mete a Colher que tem como objetivo ajudar mulheres a saírem de relacionamentos abusivos. A essência do projeto nasceu em março deste ano, quando Carol Cani, Aline Silveira, Emily Blyza, Renata Albertim, Thaísa Queiroz e Lhaís Rodrigues participaram de uma Startup Weekend Women, no Recife. “O mais incrível é que ninguém se conhecia pessoalmente. Todas se reuniram por conta da causa: acabar com os relacionamentos abusivos”, conta Emily, a idealizadora do projeto. No evento, elas tinham de criar um serviço de inovação que resolvesse algum problema social e daí surgiu o aplicativo.
Pensado estrategicamente pela desenvolvedora Lhaís e as designers Carol e Aline, o aplicativo vem solucionar um grande problema social que, infelizmente, atinge muitas mulheres: o abuso físico, emocional e psicológico em relacionamentos. A principal informação que emergiu de pesquisas realizadas pela equipe foi a de que, na maioria das vezes, as mulheres que vivem em relacionamentos abusivos precisam apenas desabafar sobre a sua situação com pessoas dispostas a escutarem, sem julgamentos e com muita empatia. Esse é o primeiro passo para o empoderamento dessas mulheres que, com apoio, têm muito mais condições de se livrarem do abuso.
O app Mete a Colher é todo baseado em conversas, com uma lógica parecida com outros aplicativos de conversa como o Whatsapp e o Facebook Messenger. Apenas mulheres vão fazer parte da rede. Para acessar o aplicativo será necessário o cadastro por meio do perfil do Facebook das usuárias. A desenvolvedora Lhaís afirma que esse tipo de login é a maneira mais simples de garantir que apenas mulheres acessem o aplicativo. Para manter a segurança de todas, além do login via Facebook, haverá também a opção de ter um código PIN para acesso ao app e mensagens criptografadas que se apagam depois de um tempo, deixando quase impossível o acesso de terceiros às conversas. Assim que acessar o aplicativo, a usuária pode oferecer ou pedir ajuda. “Caso ela precise de ajuda, será necessário apenas digitar seu relato ou enviar um áudio solicitando-a. Na central de controle do aplicativo, vamos adicionar tags, especificando que tipo de ajuda a mulher precisa, e o pedido será direcionado para as mulheres que podem ajudar”, comenta Carol.
A usuária que entrar no app para prestar ajuda poderá marcar as categorias em que quer oferecê-la: apoio psicológico, ajuda jurídica, abrigo temporário ou inserção no mercado de trabalho.“Nesta última categoria, algumas empresas vão poder se cadastrar também”, explica Thaísa. Todas as ajudas terão a conversa como forma de interação.”
A rede conta com apoio em financiamento coletivo e, depois de longos 50 dias de campanha, finalmente o app Mete a Colher vai sair do papel. Quando pronto, estará disponível gratuitamente nas plataformas Android e IOS. “A previsão é que esteja acessível no primeiro semestre de 2017. Enquanto isso, as mulheres que precisarem de ajuda podem conversar com a gente via Facebook”, comenta Aline.
Segundo Renata Albertim, o Mete a Colher só pôde existir graças à Startup Weekend Women. “Eu acho superimportante existirem esses eventos e outros do mesmo estilo e que as mulheres se sintam estimuladas a participarem. Esses eventos provocam tanto as mulheres que estão pensando em empreender como também as que acham que não têm o perfil de empreendedoras, o que é ótimo, pois mostra que as mulheres são capazes de ter o seu próprio negócio e, principalmente, empreenderem na área de tecnologia”, finaliza.
Numa realidade na qual as mulheres ainda ganham 30% a menos do que os homens e são minoria à frente de startups e em empresas de tecnologia, o SWW é um sopro de esperança e de incentivo para que o sexo feminino continue ganhando seu espaço, buscando cada vez mais a tão batalhada e merecida igualdade!
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Rê Spallicci