Luta das mulheres nunca esteve tão em pauta, mas é preciso sempre retomar o assunto para alcançarmos mudanças.
Vocês sabem que eu sou uma defensora ferrenha do protagonismo feminino! Defendo com unhas (de porcelana e sempre bem feitas…rs) e dentes tudo o que diz respeito às nossas causas, seja no mercado de trabalho, seja no esporte ou em qualquer outra esfera!
Aquele papo de “sexo frágil” e de “por trás de um grande homem sempre há uma grande mulher” para mim não está com nada. Sou, sim, a favor da igualdade de gêneros e sempre que posso defendo essa bandeira!
Sei que conquistamos muito ao longo dos anos, mas reconheço também que ainda há muito a caminhar para atingirmos a tão sonhada igualdade. Porém sinto que, nos últimos anos, cada vez mais o tema está se tornando pauta das novas gerações, e percebo que, desse modo, estamos mais fortes do que nunca em nossa luta!
No entanto, para que a gente continue buscando nossas conquistas, temos de tornar esse tema bem presente. E é por isso que, sempre que posso, volto ao assunto aqui no blog.
E nesse momento, em que temos acompanhando a movimentação de várias mulheres que resolveram dar um basta no assédio e no desrespeito e denunciaram homens poderosos, achei que estava na hora de novamente falarmos a respeito.
São atores, diretores e produtores de cinema que estão na berlinda, mostrando que a falta de respeito não tem classe, cor ou posição social! Infelizmente, em todos os segmentos da sociedade, vemos a mulher sendo maltratada e subjugada, e está na hora realmente de isso mudar!
Por ter um público essencialmente feminino aqui no meu blog e em minhas redes sociais, sempre me deparo com comentários e perguntas de minhas seguidoras que demonstram o quanto nós, mulheres, ainda enfrentamos diversos dilemas, no trabalho ou em nossa vida pessoal.
Quer um exemplo? Eu nunca vi um homem falando: “poxa, eu queria emagrecer, mas estou sem tempo para malhar porque tenho que buscar meu filho na escola!” A impressão que dá é que só as mulheres são responsáveis pelos filhos, pela casa e por tudo mais!
E isso, querendo ou não, atrapalha o desenvolvimento da mulher até mesmo no mundo corporativo. Quer ver outro exemplo? A mulher executiva aparece em uma reunião com as unhas feias, esmalte descascando… Ah, não pode, que coisa mais relaxada, né? Ok, mas experimente falar que vai sair no meio da tarde para fazer as unhas, em uma empresa machista, e você vai sentir olhares tortos! Um dilema que pode parecer bobo, mas que, no fundo, diz muito sobre as dificuldades cotidianas enfrentadas pela mulher!
A grande verdade é que nós, mulheres, somos muito especiais e possuímos alguns superpoderes em relação aos homens. Temos habilidades muito específicas que nos permitem, sim, termos a posição que quisermos em qualquer corporação!
Porém, muitas mulheres ainda não despertaram para isso tudo. O mundo corporativo está se ajustando às demandas femininas aos poucos, ao mesmo passo que as mulheres estão se adaptando às “regras do jogo” do mundo dos negócios!
Mas eu realmente acredito que haverá, em breve, um significativo ajuste de conduta, de valores e de percepção da melhor forma de trabalho, em que todos ganharão: mulheres, homens e as organizações!
As primeiras mulheres que desbravaram o mercado de trabalho sofreram bastante, e para se estabelecer neste ambiente competitivo e até então puramente masculino, abriram mão de muita coisa do perfil feminino, como filhos, família. Até esteticamente muitas mantinham seus cabelos curtos e usavam roupas bastante sérias.
Hoje percebemos que este modelo não é sustentável, e por isso defendo que haverá um perfeito ajuste, e as próximas gerações usufruirão de ambientes de trabalho mais saudáveis, conseguindo equilibrar com facilidade vida pessoal e carreira.
Hoje esse modelo de discriminação faz com que as mulheres disponham de menos tempo para horas extras excessivas, happy hours, jantares de negócios, já que conciliam família, filhos, estudo, e a rotina feminina, que, vamos combinar, é bastante ativa.
Enquanto nos desdobramos nos horários vagos para dar conta de tudo, muitos homens mantêm estes horários mais livres e se dedicam a fazer networking. E é exatamente nestes momentos que fazem seus “acordos de cavalheiros”, e nós, mulheres, ficamos vendidas nas reuniões seguintes com as mudanças repentinas de rumo.
Eu enfrento dificuldades como essas todos os dias. Sempre fui muito fiel à minha essência e precisei ser muito forte para me manter firme à minha personalidade, a tudo em que acredito e que me faz feliz. Sei que minha imagem descola, em alguns aspectos, da imagem de uma executiva padrão. Para começar, sou superjovem, vaidosa… Adicione uma pitada de excentricidade, um cabelo na cintura e uma criança interna gigante da qual não abro mão, pois é justamente ela que me faz sonhadora, criativa e inquieta! Isso sem falar que sou uma atleta fitness! Como podem ver, sou bem diferente do suposto padrão, se é que deveria haver qualquer padrão…
Mais do que uma ferramenta de compartilhamento, a internet vem ajudando a criar uma nova geração de mulheres que, desde cedo, têm um senso mais apurado sobre a importância do feminismo e da defesa de seus direitos.
Nascidas em uma sociedade com mais liberdade e autonomia do que as gerações passadas e com o poder da conexão, cada vez mais meninas entendem a necessidade de lutar pela manutenção dos direitos já adquiridos pelos movimentos feministas e de continuar a luta por outras conquistas.
Afinal, ainda há muito para se caminhar na questão da igualdade. A luta pelos direitos iguais pode ser brevemente compreendida, de acordo com o seguinte cenário: mundialmente falando, mulheres recebem 30% menos de salário do que os homens, mesmo executando o mesmo cargo. De toda a riqueza mundial, apenas 1% pertence ao sexo feminino, mesmo sendo 49% da população. Além disso, casos mais graves se configuram no campo da violência e discriminação das mulheres. O Brasil é um dos países que mais sofre com a violência doméstica, enquadrando-se no 5º lugar do ranking, com o maior índice de homicídios contra a mulher.
Porém, mais do que uma questão de lei, a mudança deve ser cultural. Precisamos tomar consciência da nossa importância e nos unirmos criando laços de empatia e de sororidade entre nós. E eu já falei bastante sobre isso no artigo A inveja e a sororidade entre as mulheres!
Está na hora de nos julgarmos merecedoras das nossas conquistas e deixarmos de lado o que Sheryl Sandberg, CEO do Facebook, reputa como uma espécie de complexo de vira-latas feminino, que nos impede de alcançar postos mais altos e nos deixa encurraladas entre sucesso profissional e realização pessoal. Ou seja, para nós, mulheres, ainda tem que ser uma coisa ou outra, embora ambas as realizações possam (e devam) andar juntas!
E, para isso, não precisamos deixar de ser nós mesmas! Como diz Eve Ensler,roteirista, ativista e escritora americana, famosa por sua peça “Os Monólogos da Vagina”: a mulher não precisa abandonar a menina que vive dentro de cada uma de nós para alcançar o sucesso! Somos, sim, seres emocionais, e essa nossa característica não pode ser subestimada!Chore quando tiver que chorar, seja exagerada quando tiver que ser, enfim, seja mulher, seja você mesma. O nosso sucesso não precisa e não deve vir acompanhado de atitudes masculinas! Somos o que somos, e é exatamente isso que nos torna tão especiais!
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Busque seu propósito. Deixe seu legado.
Rê Spallicci