Para celebrar o Dia Internacional das Mulheres o início de série de matérias com mulheres que arrasam no esporte.
Ângela Borges, duas vezes a melhor do mundo:
Poderosíssima. Simpaticíssima!
E março chegou. Em ritmo de samba e carnaval, mas também com muita disposição e energia. Afinal, março é o nosso mês: mês das guerreiras!
Por isso escolhi iniciar hoje, Dia da Mulher, uma série especial de matérias aqui no nosso blog. Precisamos aproveitar cada oportunidade, cada momento para firmarmos nossa posição e ocuparmos nosso espaço em nossas respectivas áreas de atuação, seja no mundo corporativo, nos esportes, na arte, na cultura, no samba…
E este ano quero celebrar o mês de março, com vocês, de uma maneira diferente. Vamos convidar mulheres maravilhosas, fortes e vitoriosas que vêm construindo uma carreira de sucesso no mundo dos esportes. Queremos que elas compartilhem aqui suas experiências, suas lutas, suas estratégias e suas conquistas para que inspirem muitas e muitas outras… Quem sabe, em breve, sua história não vai estar também aqui?
Duas vezes a melhor do mundo
E para inaugurar esta série mais que especial, não poderíamos ter um nome melhor. Minha amiga e treinadora, superquerida e que eu admiro muuuuito, como pessoa e como esportista: Ângela Borges, a atleta brasileira bicampeã mundial de fisiculturismo!
Poderosíssima, Ângela está arrebentando. Nos últimos seis anos, ela saiu de Rio do Oeste, no interior de Santa Catarina, e conquistou o mundo, literalmente! Um vôo que a conduziu da estreia em 2013, em Santa Catarina, ao título do mundial da França, em 2017, e à conquista do bicampeonato na China, no final do ano passado. Ao longo do percurso, a campeã fez algumas “escalas”, conquistando títulos estaduais, regionais, nacionais e internacionais que a tornaram famosa no mundo todo.
Simpaticíssima, ela aceitou bater um papo com a gente. Confira, vale muito a pena conhecer e aprender com essa mulher simplesmente incrível.
Renata: Só para aquecer, Ângela, por favor passe para os nossos leitores um pouco de sua formação e da sua atuação…
Ângela: Ah, claro, Re. Sou formada em Educação Física, com especialidade em treinamento avançado para mulheres, atleta Wellness IFBB Elite Profissional, personal trainer, treinadora, palestrante e modelo. Também sou bacharel em administração de empresas, com especialização em gestão de pessoas…
E como aconteceu a descoberta nesse esporte?
Desde criança, sempre fui muito magra e, por conta disso, sofria muito com as gozações de amigos e parentes. Isso que hoje chamamos de bullying na minha infância e adolescência era considerado apenas uma brincadeira. Por conta disso, sempre quis mudar meu corpo. Mas, aos 17 anos de idade, ainda tinha 44 quilos. Foi quando conheci meu atual marido, começamos a namorar e, logo de cara, ele me disse: “você precisa ir para a academia, tá com a bunda mole”. Primeiro me deu vontade de matar ele < risos > mas logo percebi que esse era o incentivo que faltava para mudar meu estilo de vida.
Teve influência de alguém em especial?
Se, para ir à academia, foi meu marido, quem deu um empurrãozinho para o esporte foi minha amiga Juliana, que competia na Bodyfitness. Em 2012 ela me levou para assistir a um campeonato, justamente quando o categoria wellness começava a se destacar no cenário nacional. Eu já treinava, mas foi aí que me apaixonei pela categoria e, em 2013, fiz minha estreia em competições.
O que mais te atrai no fisiculturismo?
Sem dúvida, é o estilo de vida, a possibilidade de evoluir o corpo através dos treinos e da dieta… enfim, o desafio da superação diária que ele exige é algo que gosto de suplantar.
Suas declarações demonstram que é uma pessoa de bastante fé, para você o fisiculturismo extrapola a questão física?
Este esporte te leva ao limite e além. Isso requer um equilíbrio emocional, especialmente na fase final de preparação onde a parte física já está no limite. É nesse momento que muitos atletas se perdem e acabam se autossabotando. Eu busco, por meio de boas leituras, meditação, músicas ou mesmo uma boa seção de filmes, desligar um pouco a mente e relaxar. Isso tem se mostrado fundamental em meus resultados.
Quem são seus grandes “inspiradores”?
No meu esporte, não poderia ser outra pessoa, senão o pai dos fisiculturistas, Arnold Schwarzenegger. No esporte em geral, o Ayrton Senna. Para mim, eles são exemplos de superação e vitória dentro e fora do esporte.
Pode nos contar uma experiência inusitada que o fisiculturismo já lhe proporcionou? Cada competição é uma história, e todas são especiais pra mim. Mas, claro, sempre tem uma ou duas que lembramos com mais carinho, seja pelas dificuldades enfrentadas ou pelo momento em si. O último campeonato mundial, por exemplo, foi em Pequim na China e em várias ocasiões passamos por apertos por conta do idioma. No dia do meeting dos atletas, entramos e saímos de 4 táxis e nenhum deles conseguia entender pra onde queríamos ir. Chegamos ao local em cima da hora e, claro, passado o susto, rimos muito das mimicas feitas para os chineses que olhavam espantados sem entender nada. Vale lembrar que lá não tem Google, WhatsApp, Instagram… o que torna a comunicação ainda mais difícil.
Como vê o fisiculturismo hoje no Brasil?
Evoluímos muito, mas no geral ainda faltam investimentos e um olhar mais administrativo e profissional para que o esporte gere de fato retorno aos possíveis investidores. Fala-se muito em amor pelo esporte. Na teoria isso é lindo, mas a verdade é que as empreses querem retorno e o esporte precisa encontrar uma forma de ser rentável. Vamos torcer e, claro, dar nossa parcela de contribuição para que isso aconteça nos próximos anos.
Quais são os projetos para este ano?
Além das competições, quero dar mais ênfase aos trabalhos com minha patrocinadora, a Max Titanium Nutrition, no canal do Youtube. Abrir mais vagas para atender alunas de consultoria e seguir viajando pelo Brasil e por todo o mundo com meus cursos e palestras, difundindo o que aprendi em todos esses anos no esporte.
Existe ainda uma meta a ser alcançada?
Sou absolutamente realizada como atleta, obtive todos os títulos que sonhei, no amador e no profissional. Por outro lado, sou altamente competitiva e acredito que meu físico pode evoluir. Disputar mais um mundial seria incrível, já que vou estar com quase 35 anos de idade.
Poderia dar um conselho às atletas que estão iniciando no esporte?
Sim, apenas uma palavra: “paciência”. Não tente acelerar o processo, nada compensa os riscos a sua saúde. Lembre-se que sempre vai haver um outro campeonato e que você poderá estar ainda melhor preparada, com saúde e segurança. Minha primeira competição foi aos 28 anos de idade, depois de quase 12 anos de treino, isso se mostrou fundamental na minha carreira. E, como disse, consegui realizar todos os meus sonhos.
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Busque seu propósito. Deixe seu legado.
Rê Spallicci