Saiba as causas, como evitar e tratamentos para as indesejadas varizes nesta matéria com a Dra. Maria Carolina Cozzi Pires de Oliveira Dias, médica cirurgiã vascular.
Ter pernas bonitas (e um bumbum durinho) é um dos grandes objetivos das mulheres que treinam nas academias. E um dos maiores vilões das pernas dos sonhos é um problema que vai muito além da beleza: as varizes e os vasinhos.
As varizes são veias tortuosas e calibrosas com prejuízo de sua função que, na maioria das vezes, aparecem nas coxas e pernas. Já os populares vasinhos, tecnicamente chamados de teleangectasias, são vasos superficiais da pele que se encontram dilatados, podendo ou não estar associados a varizes e que podem surgir em várias partes do corpo, não somente nas pernas.
Segundo a cirurgiã vascular Maria Carolina Cozzi Pires de Oliveira Dias, a causa das varizes é multifatorial. “Em geral existe uma predisposição genética, mas alguns fatores podem agravar ou desencadear o quadro, como o uso de anticoncepcionais, gestações, obesidade, longos períodos em pé, profissões que exigem muito esforço físico, entre outros”, explica.
Muito mais frequente em mulheres do que em homens, as varizes podem ser secundárias a algum outro problema, como trombose ou fístula arteriovenosa. “Por isso, é muito importante uma avaliação pelo médico cirurgião vascular toda vez que se pensa em tratar varizes ou teleangectasias”, avalia a médica.
Os principais sintomas das varizes são dores nas pernas (mais frequentes ao final do dia), inchaço e sensação de peso nas pernas que podem também coçar e arder. Em casos mais severos, há manchas nos tornozelos e inflamações (flebites). As teleangectasias também podem causar sintomas como coceira e latejamento, principalmente no período pré-menstrual. “Havendo sintomas, o médico sempre deve ser consultado, para que se identifique a causa”, orienta a especialista.
Como evitar?
O exercício físico é um grande aliado para o controle e combate de diversas doenças e, com as varizes, isso não é diferente! “Exercícios que fortalecem a panturrilha são fundamentais, pois ela é o nosso coração periférico’, ajudando no bombeamento do sangue de volta ao coração e melhorando o funcionamento das veias”, recomenda a Dra. Maria Carolina.
Exercícios aeróbicos que condicionam o sistema cardiovascular também melhoram a função venosa. “Já exercícios que levam à grande hipertrofia muscular e muito aumento da pressão intra-abdominal, causam dilatação das veias e podem ser prejudiciais, dependendo do caso”, alerta a médica.
Além dos exercícios, algumas medidas e hábitos podem ser adotadas de maneira a contribuir para a saúde das veias: elevar as pernas ao final do dia de maneira a facilitar o retorno venoso, evitar o uso de salto alto (acima de 7 cm) por períodos prolongados, combater o excesso de peso e o sedentarismo e consumir alimentos ricos em fibras como verduras e grãos (evitam a prisão de ventre) e ricos em vitamina C e bioflavonóides, como frutas cítricas e frutas vermelhas. Para quem trabalha o dia todo sentado, levantar a cada duas horas e se possível, se alongar, também colabora na prevenção.
Para as amantes do salto alto, Dra. Maria Carolina relativiza. “O salto alto não é o grande vilão. O que ocorre é que o salto muito alto acaba gerando encurtamento dos músculos da panturrilha, podendo causar dor nas pernas. Em pessoas propensas a ter varizes, há uma maior dificuldade no retorno venoso, aumentando os sintomas”.
Como tratar?
O tratamento das varizes é complexo, pois envolve mudanças no estilo de vida, uso de meias elásticas e, em alguns casos, medicações flebotônicas. A cirurgia de varizes é indicada quando existem veias calibrosas, com perda de sua função.
“A escleroterapia e o laser transdérmico (Nd:YAG) são também alguns métodos usados com sucesso para eliminar as teleangectasias indesejáveis”, afirma a especialista. A escleroterapia, também chamada de “aplicação” ou de “queima de vasinhos”, é um tratamento médico em que medicamentos “esclerosantes” são injetados nas veias alteradas, obstruindo o fluxo sanguíneo, que busca veias mais saudáveis para percorrer. Dessa forma, os vazinhos são destruídos e as pernas ganham uma aparência mais bonita. Já o laser transdérmico é uma técnica ainda menos invasiva (não requer qualquer corte ou utilização de agulhas): o laser é aplicado na superfície e sua onda de luz viaja pela espessura da pele até atingir o vaso. Após ser danificado pela luz, o vaso não vai mais ser capaz de carregar o sangue e será destruído e absorvido pelo sistema imunológico. “Mas deve-se tomar muito cuidado com os não-especialistas que se propõe a realizar este tratamento, pois, além de não possuírem conhecimento técnico e médico, não têm habilidade clínica para tratar complicações”, finaliza.
Em todos os casos, o tratamento deve ser determinado pelo médico especialista para que se evitem complicações desnecessárias e evitáveis.
Maria Carolina Cozzi Pires de Oliveira Dias é médica cirurgiã vascular, especialista pela Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular e pela Associação Médica Brasileira.
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Rê Spallicci