Como evitar os preconceitos inconscientes no ambiente de trabalho, criando equipes diversas e plurais.
Ser uma executiva e tomar a decisão de competir profissionalmente como atleta fitness não foi fácil. E isso muito pelo preconceito que há no ambiente de trabalho com qualquer pessoa que fuja do estereótipo esperado. E a verdade é que todos nós temos nossos preconceitos e tendemos a analisar as pessoas baseados em padrões preestabelecidos.
Eu sempre tive como norma buscar diversidade nas equipes com as quais trabalho. E não digo somente diversidade de gênero ou de etnia, mas até mesmo de pensamento. Afinal, se eu me cercar somente de pessoas que pensam como eu, certamente estarei perdendo a oportunidade de assimilar visões diferentes e complementares sobre um mesmo tema, o que me proporcionará um leque maior de opções em minhas tomadas de decisão
E há tempos esse movimento de busca pela diversidade no ambiente de trabalho vem sendo efetivado também pelas empresas. Porém, mais do que um movimento de cima para baixo, ou seja, da empresa para os seus colaboradores, eu acredito que a ação de obter uma maior pluralidade em nossas atividades profissionais, deve começar em nós mesmos. De nada adianta as companhias investirem em programas de diversidade, se as pessoas não se ativerem aos preconceitos inconscientes que têm e que reproduzem mesmo sem perceber.
É sobre isso que quero falar neste artigo, ajudando-o a identificar e eliminar os seus preconceitos inconscientes, a fim de colaborar para que tenhamos ambientes profissionais mais inclusivos, beneficiando a todos, inclusive a você mesmo. Vamos lá?
Um pequeno exemplo
Até os anos de 1970, as principais orquestras dos Estados Unidos só tinham 5% de participação feminina. Naquela época, a resposta dada pelos selecionadores para explicar essa discrepância era que as mulheres tinham menos técnica que os homens, justificada por um temperamento mais instável! Eles afirmavam que, nas audições, focavam somente a técnica apresentada, e que os homens, na maioria, eram melhores.
Até que algumas filarmônicas, como a de Nova York e Filadélfia, começaram a realizar testes cegos para seus quadros. Ou seja, os candidatos se apresentavam atrás de uma cortina, para que nada além da técnica fosse avaliado… Algo meio The voice…rs
O resultado? Em pouco tempo, 35% dos músicos aprovados eram do sexo feminino!
O que o fato nos prova? Que por mais que digamos que não, todos nós temos preconceitos inconscientes e nos deixamos levar por eles em nossas tomadas de decisão. E isso não é totalmente ruim. São nossas experiências e vivências que permitem que nos decidamos de forma rápida em nosso dia a dia.
Por exemplo, a nossa experiência de saber que o caminho x para o trabalho possui mais tráfego do que o caminho y nos faz, toda manhã, inconscientemente tomar o rumo do caminho y, e assim por diante.
Mas nem sempre as escolhas baseadas em nosso inconsciente são as mais sábias e justas, porque, querendo ou não, todos possuímos nossas crenças e preconceitos enraizados e, ao tomar decisões rápidas, tenderemos certamente a prejulgamentos.
Isto acontecia com os selecionadores das orquestras citados acima que tomavam suas decisões de acordo com seu viés inconsciente, isto é, que os homens eram músicos mais competentes, antes mesmo de testar os candidatos.
Como isso afeta o nosso mercado de trabalho
E é claro que esses preconceitos inconscientes não afetam apenas os músicos de orquestra. Todos nós podemos ser vítimas de algum tipo de prejulgamento, seja por ser mulher, por ter mais de 40, pela universidade cursada, o bairro em que mora ou até mesmo o sobrenome que carrega. Ou por ser executiva e também fisiculturista, no meu caso, rs rs.
Uma recente pesquisa realizada aqui no Brasil pelo economista Leonardo Monasterio, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) comprovou isso na prática. O estudo cruzou dados de remuneração de 46 milhões de trabalhadores disponíveis na Relação Anual, do Ministério do Trabalho, com 71 mil sobrenomes. E os resultados foram bastante esclarecedores. Querem ver só? Embora os sobrenomes alemães representem apenas 3,2% do total, eles representam 43 dos 100 maiores salários pagos. Já os de origem ibérica, como Silva, Santos, Souza e Ferreira, que são 88% do total, só tem 17 representantes entre os 100 mais bem pagos!
A verdade é que, de acordo com especialistas, não existe situação em que nossas ações e escolhas não tenham influência da bagagem de vida que já carregamos. O problema é que, ao utilizarmos esses nossos filtros no ambiente profissional, estaremos sendo muitas vezes injustos e impedindo o crescimento de pessoas com mais potencial ou até mesmo tornando nossas equipes mais pobres.
Como evitar os prejulgamentos
Todos nós tomamos decisões no ambiente de trabalho, independente do cargo que ocupamos. Seja para optar por um fornecedor ou outro, por contratar este ou aquele estagiário ou até mesmo para darmos voz para nossos pares.
O primeiro passo para evitar que repliquemos conceitos preestabelecidos é aceitar que somos, sim, influenciados por nossos preconceitos e que devemos nos blindar para não permitir que isso aconteça.
Muitas empresas já vêm adotando tal atitude em suas contratações. Uma renomada multinacional, por exemplo, está eliminando do currículo a faculdade cursada pelos candidatos, no momento de enviá-los para a entrevista técnica. Esta estratégia fez com que o número de novos contratos com pessoas advindas de faculdades de menor expressão aumentasse consideravelmente. Ou seja, a avaliação da competência do profissional tem que estar acima da grife que ele carrega em seu currículo.
Mas, independente da política adotada pela empresa onde trabalha, você mesmo pode criar o seu protocolo de justiça para evitar decisões equivocadas.
Confira algumas armadilhas inconscientes que você deve evitar ao tomar decisões de promoção, contratação ou escolha de fornecedores.
Todos nós temos nossos preconceitos, mas, se lutarmos para bloqueá-los, certamente teremos empresas e uma sociedade melhores. E, se formos mais conscientes dos vieses que nos influenciam, seremos capazes de neutralizá-los e tomarmos decisões mais justas e corretas.
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Rê Spallicci