Falar sobre o problema é uma das melhores formas de prevenção
Suicídio é e sempre foi um assunto tabu! E, exatamente para tentar quebrar este preconceito, o Centro de Valorização da Vida (CVV), o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) criaram, em 2015, o Setembro Amarelo, uma campanha que visa aumentar a conscientização sobre a prevenção do suicídio, buscando alertar a população a respeito da realidade da prática no Brasil e em todo o mundo.
De acordo com o Setembro Amarelo, a melhor forma de se evitar um suicídio é por meio de diálogos e discussões que abordem o tema. Por isso, durante todo o mês de setembro, ações são realizadas, a fim de sensibilizar a população e os profissionais da área para os sintomas desse problema.
E o meu blog não poderia deixar de entrar nesta importante campanha! Afinal, saúde e qualidade de vida são temas muito importantes para mim e, infelizmente, o suicídio é um problema de saúde pública no Brasil e no mundo!
Setembro Amarelo – Como surgiu
A cor amarela é usada para representar o mês da prevenção do suicídio, por causa de Mike Emme que, em 1994, com apenas 17, se matou. Mike era conhecido por sua personalidade caridosa e, tendo também habilidade mecânica, havia restaurado um Mustang 68, pintando-o de amarelo. Mike amava aquele carro, por isso, começou a ser conhecido como “Mustang Mike”.
Entretanto, infelizmente, aqueles próximos de Mike não viram os sinais que o levaria ao suicídio… E sua vida teve fim de forma trágica. No dia do funeral, os amigos de Mike fizeram uma cesta contendo 500 cartões presos com fitas amarelas e com a mensagem: Se você precisar, peça ajuda.
Os cartões se espalharam pelos Estados Unidos. E, em poucas semanas, adolescentes do país todo começaram a procurar ajuda!
Desde então, a fita amarela foi escolhida como símbolo do programa que incentiva aqueles que têm pensamentos suicidas a buscar ajuda. Em 2003, a OMS instituiu o dia 10 de setembro para ser o Dia Mundial da Prevenção do Suicídio. E, em 2015, o mês de prevenção foi criado no Brasil, unindo a data instituída pela OMS à cor amarela.
Setembro amarelo – Números e tabu
A cada 40 segundos, alguém no mundo interrompe a própria vida. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de óbitos autoprovocados é bem maior que os causados por homicídio: 800 mil por ano, contra 470 mil. São mortes prematuras que poderiam ser evitadas, porque é possível preveni-las. Contudo, as taxas continuam avançando, especialmente em países pobres e em desenvolvimento.
No Brasil, de acordo com os números oficiais, 32 brasileiros se matam por dia. Essa taxa é maior do que a de vítimas de AIDS e da maioria dos tipos de câncer, por exemplo.
Um dos maiores problemas que envolvem o suicídio é o tabu que gira em torno do assunto. Quando há um caso nas famílias, normalmente aquilo se torna quase um segredo ou vergonha familiar e pouco ou nada se fala sobre o tema.
E quanto menos falamos sobre suicídio, mais distantes ficamos de evitar novos casos. Isso porque, segundo os psiquiatras, quase 100% das pessoas que tentaram se matar ou efetivamente se suicidaram têm um quadro psiquiátrico de doenças mentais tratáveis.
Uma revisão de casos conduzida pela OMS com dados de 15.629 suicídios ilustra bem essa situação: 35,8% das vítimas tinham transtorno de humor; 22,4% eram dependentes químicos; 10,6% tinham esquizofrenia; 11,6%, transtorno de personalidade; 6,1%, transtorno de ansiedade; 1%, transtorno mental orgânico (disfunção cerebral permanente ou temporária que tem múltiplas causas não psiquiátricas, incluindo concussões, coágulos e lesões); 3,6%, transtorno de ajustamento (depressão/ansiedade deflagradas por mudanças ou traumas); 0,3%, outros distúrbios psicóticos, e 5,1%, outros diagnósticos psiquiátricos. Os 3,1% restantes não significam ausência de doença mental, mas a falta de um diagnóstico adequado.
Todos esses transtornos são tratáveis com acompanhamento psiquiátrico e psicológico. Porém, esbarram no preconceito não só de pacientes, mas de familiares e até de profissionais da saúde.
Setembro amarelo – Diálogo e mídia
Ano passado, a série 13 Reasons Why, da Netflix causou considerável polêmica por abordar a história de uma adolescente que, de tanto sofrer bullying, acaba tirando a própria vida. Muita gente julgou a abordagem exagerada, e muitos especialistas criticaram o fato de a série mostrar em detalhes e menina tirando a própria vida.
Afinal, existe uma máxima que prega que casos de suicídio não devem ser explicitados. E o motivo para isso é o medo de causar o chamado “Efeito Werther”. Este fenômeno ganhou o nome do livro “Os sofrimentos do jovem Werther”, livro do autor alemão Johan Wolfgang von Goethe, publicado em 1774. No final do livro, que tem um tom depressivo, o jovem Werther se suicida, o que levou a uma suposta onda de suicídios nos jovens europeus da época.
O efeito Werther foi comprovado cientificamente e é chamado de “suicídio por imitação”. Suicídios se tornam mais comuns quando divulgados pela mídia. Por exemplo, após as mortes por suicídio de Marilyn Monroe, em 1962, e de Kurt Cobain, em 1994, as taxas de suicídio americanas tiveram aumentos notáveis.
É por isso que a Organização Mundial da Saúde desaconselha que a mídia exponha métodos ou processos de suicídio: para evitar que tal exposição incentive outras mortes.
Entretanto, os suicídios não são causados por notícias ou vídeos terem sido vistos, pois pessoas que se mataram já tinham tendências antes de tomarem conhecimento deles e se encontravam no grupo de risco.
Por esse motivo, falar sobre o assunto é extremamente importante justamente para reduzir o número de pessoas vulneráveis. Portanto, para que possamos evitar suicídios, o diálogo é o primeiro passo: conversar, trazer o assunto à tona e fazer com que essas pessoas saibam que não estão sozinhas e que existem meios de tratar aquelas doenças.
Setembro amarelo – Ajudar é essencial
Por isso, todos nós devemos fazer tudo que estiver ao nosso alcance para tentar ajudar as pessoas que estão pensando em suicídio ou passando por períodos de depressão ou outros transtornos mentais.
Eu nunca me esqueço do meu amigo Fernando e do quanto nossa relação foi essencial para que ele pudesse desistir de tirar a própria vida, história que contei no artigo Uma mão amiga pode ajudar a transformar e salvar vidas. Como sei que com o meu blog atinjo diariamente milhares de pessoas, me sinto responsável por também falar sobre o tema e incentivar aqueles que passam por problemas a procurarem ajuda!
Como quem me acompanha sabe, dou muito valor ao autoconhecimento e acredito realmente que, ao buscarmos nos conhecer melhor, a termos propósito em nossas vidas, nos afastamos de tudo que pode nos levar à negatividade e a pensamentos suicidas. Por meio da psicologia positiva, como abordei neste artigo sobre o tema , podemos transformar nossas vidas e buscar uma existência mais plena e feliz!
Afinal, a vida é maravilhosa e uma dádiva! Mas há doenças terríveis e silenciosas que, em algum momento, impedem as pessoas de verem as belezas da nossa existência.
Quem busca o suicídio como opção final não está querendo deixar a vida, mas sim, acabar com uma dor existencial que não consegue mais suportar! Neste momento, a ajuda profissional, ou até mesmo uma palavra amiga ou uma visita, podem fazer toda a diferença. É o que faço com as pessoas que me rodeiam e o que pretendo: inspirar mais e mais pessoas a procederem assim.
Se você precisa de ajuda, fale com um familiar, um amigo ou ligue para o CVV. O Centro de Valorização da Vida é uma organização sem fins lucrativos e filantrópica que busca dar apoio emocional e prevenção do suicídio para quem precisa. Desde 2015, é possível entrar em contato com eles por meio do telefone, de maneira gratuita. Basta ligar para o número 188 ou 141 (no caso dos estados do Maranhão, Paraná, Pará e Bahia). O atendimento é anônimo e realizado por voluntários que guardam sigilo. Também é possível acessar o chat on-line, enviar um e-mail ou ir a um dos postos de atendimento.
Lembre-se sempre: não há nada que o amor não ajude a curar! Acredite nisso e não desista nunca de alguém que você ama… ou de você mesmo. Afinal, não há problema que não tenha solução.
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Rê Spallicci