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Carnaval

Que orgulho! Sou a nova Rainha da Barroca da Zona Sul

O dia em que meu coração se tingiu de verde e rosa

 23 de julho de 2019
7 min de leitura



O que falar do dia mágico que foi o domingo, 21 de julho? A data que estará marcada para sempre na minha trajetória como aquela na qual fui coroada Rainha da Bateria da Barroca da Zona Sul! Mais do que isso! O dia em que conheci e me apaixonei de vez por uma comunidade que me recebeu de braços abertos,  com muito carinho e paixão.

Uma empatia imediata

Meu amor pela Barroca começou assim que conheci o Everton Cebola, o presidente da escola. Um cara jovem, cheio de energia e com quem tive uma empatia imediata.

Sabe aquela coisa que a gente fala de bater o santo? Pois foi exatamente o que aconteceu em nosso primeiro encontro. Uma energia diferente, uma vibe verdadeira mesmo! E a cada mensagem trocada pelo celular, a cada reunião, essa energia foi se confirmando… Conheci o Acerola, Mestre da Bateria, outros membros da diretoria e da comunidade e, rapidamente, meu coração foi se tingindo de verde e rosa…

Mas ainda faltava me apresentar  à comunidade e sentir o calor de todos desta Faculdade do Samba cheia de história e tradição. Foi então que meu coração explodiu em alegria e eu fui invadida por um sentimento único de pertencimento.

Ao subir no palco e ver aquela comunidade cheia de raça e força percebi imediatamente que a Barroca é o meu lugar no Carnaval, e que, a partir de agora, escreverei um capítulo totalmente novo, diferente e apaixonante ao lado desta galera.

Fui tratada verdadeiramente como uma rainha. Com zelo, cuidado e respeito. O mesmo respeito que quero demonstrar por esta comunidade e pelo pavilhão repleto de glórias e lutas da Barroca!

Sabe, estar na Barroca em um ano em que a escola volta ao Grupo Especial, após 15 anos longe do lugar onde sempre deveria estar, tem tudo a ver comigo e com a maneira como  encaro a minha vida! Não gosto de pegar as coisas prontas e só usufruir das glórias. Sou uma pessoa apaixonada pelo processo que leva ao sucesso e não pelo sucesso em si. Apaixonada por cada aprendizado, cada pequena conquista,  cada degrau galgado em busca de nossos objetivos.

E eu acredito que seja exatamente isso que me fez criar essa relação tão instantânea com a Barroca. Senti em cada integrante da comunidade uma gratidão pela volta à elite, uma alegria por fazer parte desta história que é totalmente diferente do sentimento que vemos em membros de escolas acostumadas às glórias recentes.

E o dia da minha coroação era também um dia tão importante para a Barroca em tantos sentidos que foi ainda mais especial dividir e participar desta glória. Tivemos a inauguração da nova quadra, a apresentação do samba enredo, enfim, uma série de eventos que marcam o início de uma nova era da escola.

Uma era  com a qual  quero muito contribuir e dela fazer parte com todo o meu coração!

A sinergia do enredo

E, se já não bastassem tantos motivos para que eu me sentisse ligada  profundamente à Barroca em tão pouco tempo, o enredo da escola aborda um tema que possui total sinergia com minhas lutas, já que fala muito da liderança feminina e do empoderamento da mulher.

O Samba da Barroca fala sobre Teresa de Benguela, uma mulher que  se tornou símbolo de liderança, força e luta pela liberdade. Apesar de sua história ter sido pouco divulgada, durante um longo período, hoje seu legado é cada vez mais reconhecido. Tereza de Benguela é um ícone da resistência negra no Brasil Colonial. Sua trajetória remonta ao século XVIII, quando Vila Bela da Santíssima Trindade era a primeira capital de Mato Grosso.

“Rainha Tereza”, como ficou conhecida em seu tempo, viveu na região do Vale do Guaporé. Após a morte do marido, passou a liderar a comunidade, resistindo bravamente à escravidão por mais de 20 anos. Tereza comandou a estrutura política, econômica e administrativa da comunidade, enfrentando diversas batidas da Coroa Portuguesa. Teresa de Benguela sobreviveu até meados da década de 1770, quando o quilombo foi destruído pelas forças do então governador da capitania.

A história de Tereza de Benguela demorou a ganhar projeção. No entanto, passados quase 250 anos, o reconhecimento começa a aparecer. Uma lei aprovada em 2014 instituiu 25 de julho como o Dia Nacional de Teresa de Benguela e da Mulher Negra, e agora, com esta homenagem da Barroca, levaremos a  luta e a mensagem dela  a mais e mais pessoas.

Gratidão e vamos juntos, Barroca!

Só posso expressar meu total sentimento de gratidão por fazer parte deste dia tão especial e colocar toda a minha energia e amor a serviço de honrar a Faculdade do Samba Barroca da Zona Sul.

Neste primeiro contato com a comunidade tive a oportunidade de conversar e conhecer integrantes da ala das baianas, da velha guarda, de me encantar com a nossa princesa mirim e com todos os membros da corte, e de ter uma pequena amostra do quanto serão especiais meus momentos junto à comunidade da Barroca.

Gratidão ao presidente Cebola, ao Mestre Acerola, a toda a diretoria e à comunidade pela oportunidade. E vamos fazer história neste novo capítulo da Barroca!

Gratidão a minha mãe querida que compartilhou mais este sonho comigo e  também a toda a minha equipe que me apoiou desde as preparações que antecederam ao grande dia até o último repique da bateria. Com muito profissionalismo, mas, acima de tudo, com paixão que é o que caracteriza tudo aquilo que fazemos!

Gratidão aos amigos que estiveram lá, que mandaram mensagens, que acompanharam as lives, enfim, a todos que, a seu modo, estiveram comigo nesta minha nova conquista!    

Vamos pra cima, Barroca! Meu coração verde e rosa é de vocês!

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Rê Spallicci