Conheça os novos comportamentos digitais e liberte-se
Eu sou uma apaixonada pela tecnologia e pela conexão proporcionada por ela! Mas não podemos negar: seu uso desmedido vem causando uma série de problemas psicológicos e comportamentais em nossa sociedade.
Então, como podemos lidar com comportamentos digitais para buscarmos aquilo que nos é mais importante: sermos felizes?
É sobre isso que quero tratar neste artigo. Vamos lá?
O que é FOMO (Fear of missing out)
Sabe aquele momento em que você vê todas as postagens da conferência à qual você não foi? Ou quando você percebe que a estética do Instagram de seus colegas é aparentemente perfeita? Ou ainda, quando é meia-noite e você continua navegando no LinkedIn, olhando para ver as novas realizações de todos, e parece que você não tem conquistado absolutamente nada ultimamente?
Quando você é convidado para um jantar de negócios e diz “sim”, mesmo que você esteja mentalmente exausto? Afinal, pode dizer “não” e depois ver todas as histórias divertidas no Instagram?
Pois é! Este é o chamado FOMO – Fear of missing out, ou, em português, medo de perder!- comportamento que vem sendo estudado há anos, é real, e se tornou uma epidemia por causa das mídias sociais.
O FOMO é a sensação de ansiedade e perda constante que sentimos, e que nos leva a conferir nosso celular dezenas de vezes ao dia. É como se a cada minuto o mundo estivesse em evolução… e não acompanhar essa evolução nos causa um sentimento de que estamos ficando para trás e desatualizados.
O FOMO pode ser muito perigoso e levar a quadros patológicos de depressão e ansiedade!
A conexão exagerada pode ser doentia
Não são raros os casos de pessoas que ao mesmo tempo que estão alcançando o sucesso, estão perdendo a felicidade! Vimos casos recentes como o do Whindersson Nunes que relatou sua depressão. E há tantos outros de pessoas com menos projeção para as quais as mídias sociais e o trabalho que exigem conexão constante estão custando a saúde.
A necessidade de estar sempre conectado, de sempre dar a resposta em tempo recorde, de estar em dia com as tendências, enfim, de acompanhar um mundo que vive em uma velocidade alucinante, vem adoecendo as pessoas e as desconectando uma das outras.
A verdade é que não podemos mais tirar férias para nos desconectarmos completamente. Até porque a maioria dos lugares, mesmo os mais exóticos e isolados, têm Wi-Fi. E parece que todos esperam que devamos permanecer conectados 24 horas, sete dias por semana.
Uma pesquisa do LinkedIn revelou que 70% das pessoas não se desconectam do trabalho, quando tiram férias. O FOMO de não conhecer mensagens, e-mails, status e tendências está transformando nossas mentes, corpos e relacionamentos em uma confusão tóxica.
“Nós exercemos o poder de um ‘like’, que estimula o disparo de dopamina em nossos cérebros, e logo nos tornamos viciados nesta gratificação instantânea e na atenção; por isso continuamos voltando para ter cada vez mais” , explica Kristen Fuller, MD, para a revista Psychology Today.
Da mesma forma, o efeito FOMO força os usuários a acumularem cada vez mais tempo na tela. Os minutos podem se transformar em horas, enquanto percorremos feeds de notícias e postagens, com medo de perdermos algo.
Instagram, Facebook e Twitter estão nos roubando um tempo essencial diário do sono e dos relacionamentos do mundo real. Enquanto os feeds das redes sociais estão promovendo efeitos colaterais negativos, como medos, estresse, ansiedade, problemas de imagem corporal e depressão.
Apenas algumas horas por dia?
Quando você pensa sobre o uso da mídia social como parte do seu dia a dia, com que frequência você ouve o argumento: “Eu fico apenas algumas horas por dia?”
Considere que, quando você diz “apenas algumas horas por dia”, eis os valores reais projetados:
5 minutos por dia = 30 horas por ano
15 minutos por dia = 91 horas por ano
30 minutos por dia = 182 horas por ano
1 hora por dia = 365 horas por ano
É impressionante, aterrorizante e um fato que muitos de nós buscamos na alma.
A maioria dos profissionais de marketing de mídia social que conheço tem em média algo entre 3-6 horas de uso de mídias sociais diário.
Reabilite-se com o JOMO
O primeiro passo em qualquer processo de reabilitação é dar um passo atrás e admitir que você pode ter um problema. Sim, nós temos um problema!
Mas agora um novo movimento começa a surgir no mundo como antagonismo ao FOMO, e que pode ser a solução de nossa sociedade; o JOMO ou Joy of missing out, que é “a alegria de não estar em todas”.
JOMO é sobre definir limites e identificar quando você realmente precisa dizer não. Além disso, é mais do que apenas aceitar que você não poderá realizar todos os eventos, ler todos os e-mails e manter-se atualizado com todas as notícias que aparecem em um dia; trata-se de comemorar e saborear ativamente os momentos em que as coisas estão paradas. É se reconectar e sincronizar com nossas necessidades e desenvolver uma compreensão mais profunda do que funciona para nós.
Confira agora dez dicas simples de como transformar o FOMO em JOMO
Aceite que você nem sempre pode participar de todos os eventos… e tudo bem. Não é realista colocar essa expectativa em si mesmo para estar sempre presente quando essas coisas ocorrerem.
A culpa e a ansiedade que acompanham o FOMO são reais.E é ingênuo pensar que desaparecerá apenas porque sabemos que é ilógico. Então comece devagar. Reserve uma hora por semana para gastar consigo e vá a partir daí. Você não precisa se tornar um eremita, mas saiba identificar quando precisa de uma pausa para desligar e desfrutar um pouco de qualidade no seu tempo.
Sua felicidade é fundamental e, para ela ser plena, o seu bem-estar é importante. Ao reservar um tempo para si mesmo, você está se dando o devido valor.
Então, topa começar a trocar o FOMO pelo JOMO?
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Rê Spallicci