Por que o isolamento social pode ser um momento ímpar para investirmos em nos conhecer melhor
Quem me acompanha sabe o quanto dou valor ao autoconhecimento. Acredito que há vários fatores importantes para o desenvolvimento pessoal, mas, se eu tiver de escolher somente um essencial, e que eu considero o mais relevante, certamente, é o autoconhecimento. Afinal, só nos conhecendo profundamente é que aumentamos nossas chances de entender nossos sentimentos e de saber lidar com nossas emoções.
O autoconhecimento nos leva a identificar e saber controlar nossas emoções negativas, ajuda-nos a conhecer o que nos faz sentir felizes e realizados e tudo o mais que nos afeta emocionalmente em nosso dia a dia.
Ao compreender o que se passa dentro de nós, conseguimos lidar melhor com todas as esferas da vida – relacionamentos, carreira, saúde, finanças, enfim, tudo aquilo que pode ser fortalecido para atingirmos um maior desenvolvimento pessoal.
E em um momento como o que estamos vivendo, de quarentena, de preocupação com o futuro, de incertezas, o autoconhecimento pode ser uma excelente ferramenta para lidar com tudo isso, tanto para quem já está se aprofundando no tema, quanto se torna uma excelente oportunidade para quem ainda não se interessou pelo assunto buscar mais informações e iniciar esta jornada.
Afinal, estamos recolhidos, com mais tempo para nós mesmos e para refletirmos sobre o que somos, para onde vamos e o que realmente buscamos em nossas vidas.
Vamos, então, aproveitar este período com algo que levaremos para sempre?
Momentos de crise são essenciais
Muita gente já me falou: “ Rê, acho este papo de autoconhecimento algo tão vago. Como realmente eu consigo me conhecer?”. Um conselho valioso que li certa vez sobre isso é que uma excelente oportunidade para nos conhecermos e sabermos observar nossos comportamentos é em momento de crise. Afinal, uma crise expõe traços de caráter – bons e ruins – que geralmente são ocultos pela maneira como tipicamente nos projetamos para os outros em tempos de “mares calmos”.
Por isso, ao se observar em uma crise, pode ser útil perguntar: O que eu fiz, o que eu disse? Como os outros reagiram a mim, o que eles disseram? O que me desencadeou a agir dessa ou daquela maneira, como me senti ao enfrentar o problema? Eu agi de modo a promover a união ou a divisão?
Após fazer essas perguntas, você pode escrever as suas respostas, o que vai ajudá-lo e, ao mesmo tempo, objetivar as suas observações, como também auxiliá-lo a entender melhor sobre si mesmo e seus padrões de comportamento.
Liste seus “pecados” favoritos
Somos pessoas completas: com erros e acertos, virtudes e defeitos. E conhecer nossos “pecados” favoritos é outro ponto essencial em nossa busca por nos conhecermos melhor. Afinal, nossas virtudes, certamente, as conhecemos de cor, mas, muitas vezes, é difícil olharmos no espelho e vermos nossos “fantasmas”.
Ao listar os seus pecados mortais “favoritos”, você pode começar a se comprometer a parar de nutri-los. Seu pecado é ganância, é preguiça, é orgulho, é gula?
O objetivo principal desse reconhecimento não é apenas evitá-los e colocar um fim aos maus hábitos. O maior objetivo é descobrir se eles cumprem lacunas que poderiam ser preenchidas por algo que esteja ligado ao seu propósito de vida! E aqui entramos em outro fator essencial, seu propósito.
Descubra seu propósito
Em tempos de isolamento e recolhimento social, temos uma oportunidade única de identificar melhor o nosso propósito de vida. Afinal, sem as distrações normais do dia a dia, o que é aquilo que o arrepia, que o faz levantar toda manhã, mesmo que seja apenas para atravessar o corredor em direção ao seu local de home-office?
Quando declaramos nosso propósito, conseguimos organizar atitudes, crenças, palavras, ações e hábitos – até mesmo uma carreira – em torno de um objetivo de maneira sistemática. Assim, o propósito inspira, de fato, e dá vida à nossa existência.
Por fim, ao definirmos aqueles hábitos e defeitos que queremos deixar para trás e identificarmos nosso propósito, por certo teremos como resultado final nos tornarmos pessoas melhores.
E será que há algo melhor a fazermos com o tempo que estamos tendo de sobra do que isso? Essa situação extraordinária nos oferece uma ocasião propicia para parar e refletir, bem como para reafirmar nossos valores mais profundos, que normalmente, na correria da nossa vida moderna, não conseguimos fazer.
Quase todas as fontes de sabedoria em todo o mundo, e através das gerações, promovem o autoconhecimento. Os filósofos gregos antigos invocavam: “Conhece-te a ti mesmo.” Buda demonstrou a conexão entre meditação e iluminação. Jesus prometeu misericórdia, quando admitimos uma transgressão contra a santidade. De maneiras diferentes, eles nos ensinam que o autoconhecimento é a base sobre a qual podemos construir qualquer tipo de espiritualidade.
Talvez seja assim que a espiritualidade se exponha concretamente – uma pessoa de ação concentrada, cujo profundo autoconhecimento e missão clara fazem do mundo ao seu redor um lugar melhor para se viver.
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Busque seu propósito. Deixe seu legado.
Rê Spallicci