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Saúde

Ansiedade e pandemia: a importância de cuidarmos da saúde mental

Pandemia pode ser ponto de mudança no tratamento das doenças mentais por parte de pessoas e governos

 17 de setembro de 2020
6 min de leitura

Ansiedade e pandemia: a importância de cuidarmos da saúde mental

A campanha “Setembro amarelo” tem por finalidade conscientizar a todos sobre a importância da prevenção ao suicídio, e, consequentemente, das condições que podem levar ao ato. Por isso, ao longo deste mês, semanalmente, estou publicando uma matéria relacionada ao tema.

E hoje, quero abordar a questão da ansiedade e como essa condição está sendo potencializada no momento de  pandemia em que vivemos.

O que é o transtorno de ansiedade

O que é o transtorno de ansiedade

Ter ansiedade é uma emoção normal. É a maneira de o seu cérebro reagir ao estresse e alertá-lo sobre o perigo potencial à frente.

Todos se sentem ansiosos de vez em quando. Por exemplo, você pode se preocupar ao enfrentar um problema no trabalho, antes de fazer um teste ou antes de tomar uma decisão importante.

A ansiedade ocasional faz parte de nossa vida. Mas os transtornos de ansiedade são diferentes. Eles constituem um grupo de doenças mentais que causam ansiedade e medo constantes e avassaladores. E condições como as que estamos vivendo da pandemia podem desencadear ou agravar os sintomas.

Sintomas de transtorno de ansiedade

Os principais sintomas dos transtornos de ansiedade são o medo ou a preocupação excessivos.  E também podem dificultar a respiração, o sono, a quietude e a concentração.

 Os sintomas específicos dependem do tipo de transtorno de ansiedade que a pessoa tem, porém os mais comuns são:

  • Pânico, medo e inquietação
  • Sentimentos de desgraça ou perigo eminentes
  • Problemas de sono
  • Falta de capacidade de concentração
  • Mãos ou pés com frio, suados, entorpecidos ou formigando
  • Falta de ar ou respiração ofegante (hiperventilação)
  • Palpitações cardíacas
  • Boca seca
  • Náusea
  • Músculos tensos
  • Tontura
  • Pensamento sobre um problema de forma  repetida, sem conseguir   deixar de pensar (ruminação)

Impacto mundial

“Tedros  Adhanom  Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) já alertou: “O impacto da pandemia na saúde mental das pessoas já é extremamente preocupante. O isolamento social, o medo de contágio e a perda de membros da família são agravados pelo sofrimento causado pela perda de renda e, muitas vezes, de emprego.”

Sim, vivemos um momento único na história recente da humanidade que, certamente, trará, no futuro, reflexos na saúde mental de boa parte da população mundial.

Estudos realizados nos Estados Unidos nos permitem traçar um paralelo com o Brasil e com o mundo, e os números são realmente preocupantes.

Segundo os relatórios, a pandemia está causando um considerável  impacto na psique dos americanos: cerca de 40% dos adultos pesquisados ​​no final de junho “relataram uma condição adversa de saúde mental ou comportamental”.

É um aumento expressivo  em relação a 2019. Por exemplo, os dados mostram que o número de americanos que sofrem de transtorno de ansiedade triplicou no final de junho, em comparação ao mesmo período do ano passado.

As descobertas, baseadas em pesquisas conduzidas pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA,  de 24 a 30 de junho, também mostram que “um quarto dos entrevistados [da pesquisa] relataram sintomas de transtorno relacionados à trauma e ao estresse”.

Cerca de 1 em cada 10 entrevistados também disseram que começaram ou aumentaram o uso de álcool ou drogas ilícitas durante a pandemia.Os pensamentos suicidas também estão aumentando: em comparação com os dados de 2018, “aproximadamente o dobro dos entrevistados relataram considerações sérias sobre o suicídio nos 30 dias anteriores”, afirmou o relatório.

O estudo foi baseado em pesquisas on-line confidenciais, realizadas com mais de 5.400 americanos de 17 anos oumais . Alguns já haviam participado de pesquisas semelhantes conduzidas em abril e maio.

ONU clama por mais investimentos em saúde mental

De acordo com um documento das Nações Unidas, a pandemia de COVID-19 está destacando a necessidade de aumentar urgentemente o investimento em serviços de saúde mental.

“Essa é uma responsabilidade coletiva dos governos e da sociedade civil, com o apoio de todo o Sistema das Nações Unidas. Uma falha em levar o bem-estar emocional das pessoas a sério levará a custos sociais e econômicos em longo prazo para a sociedade”, acrescentou o chefe da OMS.

E talvez este possa ser um grande legado positivo dessa pandemia. Apesar de, há tempos,  estarmos vivendo  números assustadores quanto aos transtornos mentais, os governos têm feito pouco para encarar esse problema.

Quem sabe agora não é o momento de termos uma ampliação e reorganização dos serviços de saúde tão necessários em escala global? Realmente, seria uma oportunidade para construir um sistema de saúde mental adequado para o futuro.

É o que afirma Dévora Kestel, diretora do Departamento de Saúde Mental e Uso de Substâncias da OMS.

“Isso significa desenvolver e financiar planos nacionais que mudam o atendimento das instituições para os serviços comunitários, garantindo cobertura para condições de saúde mental em pacotes de seguro de saúde e desenvolvendo a capacidade de recursos humanos para oferecer saúde mental e assistência social de qualidade na comunidade”, finalizou.

Vamos pressionar nossos governos e lutar com  que estiver ao nosso alcance para que realmente possamos tirar mais essa importante lição deste momento de crise: a necessidade de  investirmos em políticas públicas de cuidados mentais!

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Busque seu propósito. Deixe o seu legado.

Rê Spallicci