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Saúde

Setembro Amarelo: Suicídio – uma pandemia silenciosa!

Números de suicídio no mundo são assustadores, e pandemia pode piorar índices

 3 de setembro de 2020
8 min de leitura

Setembro Amarelo: Suicídio – uma pandemia silenciosa!

Os dados são preocupantes: Cerca de 800 mil pessoas morrem por suicídio todos os anos, e é a  segunda causa de morte no mundo entre jovens de 15 a 29 anos! Só para se ter uma ideia da gravidade do problema, até o momento em que escrevo esta matéria, tivemos 848.084 mortes por COVID-19 no mundo, pandemia que tanto tem nos assustado e mudado nossas vidas!

Claro que as abordagens das doenças são completamente diferentes, uma vez que a COVID é uma doença contagiosa, mas o que quero mostrar com a comparação é o quanto vivemos números assustadores em relação ao suicídio e como falamos pouco sobre o tema. Vivemos outra pandemia, silenciosa e cercada de tabus!

O setembro amarelo é uma oportunidade para darmos mais visibilidade ao tema e discutirmos como podemos tentar diminuir esses dados tão tristes e que dizem muito sobre a sociedade em que vivemos.

Isolamento e crise são fatores de risco

Isolamento e crise são fatores de risco

Embora exista uma relação entre distúrbios suicidas e mentais (em particular, depressão e abuso de álcool), é bastante difícil definir um grupo de risco para o suicídio. Ele afeta pessoas de todas as classes sociais e em países de todos os tipos de renda.

O que se percebe é que, muitas vezes, os suicídios ocorrem de forma impulsiva em momentos de crise, com um colapso na capacidade de lidar com os estresses da vida – tais como problemas financeiros, términos de relacionamento ou dores crônicas e doenças.

Além disso, o enfrentamento de conflitos, desastres, violência, abusos ou perdas e um senso de isolamento estão fortemente associados ao comportamento suicida. As taxas de suicídio também são elevadas em grupos vulneráveis que sofrem discriminação, como refugiados e migrantes; indígenas; lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros e intersexuais (LGBTI); e pessoas privadas de liberdade.

Por isso, momento como estamos vivendo agora de isolamento, associado à crise financeira e à ansiedade, acentuadas  incerteza em relação ao futuro, tornam o risco de agravamento desses fatores ainda maiores.

Estamos em uma época de muitas perdas, algo que mexe com todos nós. E quanto mais estresse uma comunidade passa, mais afetada será sua saúde mental. E, quanto pior a saúde mental, maiores são as chances de o suicídio acontecer.

Suicídio e pandemia

Um recente artigo publicado no Lancet Psychiatry discute a situação da atual pandemia de Covid-19 e, entre suas consequências, especula sobre um possível aumento nos índices de suicídio. Quanto mais a doença se espalha, mais efeitos de longo prazo podem ser sentidos em diversas áreas da vida, gerando um maior impacto sobre populações consideradas vulneráveis e, portanto, podendo afetar os índices de comportamento suicida. Por isso, é necessário pensar em medidas de prevenção ao suicídio de forma global e ampla.

Há evidências de que, no passado, as taxas de suicídio aumentaram nos EUA durante a pandemia por Influenza nas primeiras décadas do século XX. Relatos semelhantes foram observados na população mais idosa em Hong Kong, em 2003, por ocasião da SARS. Mas, obviamente, o contexto em que se desenrola a atual pandemia é diferente dos anteriores. Por isso, é necessário reconhecer os múltiplos fatores que podem estar por trás de um possível aumento do risco de suicídio e atuar sobre eles.

O impacto desta pandemia sobre o risco de suicídio vai variar conforme vários fatores, como as características demográficas e socioculturais; o funcionamento e as estratégias dos serviços públicos de saúde; o alcance de estratégias de atendimento e auxílio remoto a distância e da estrutura já disponível. Tal impacto pode ser maior em locais onde as adversidades socioeconômicas também são maiores. O limitado apoio social que essas populações recebem contribui para um maior risco. Outros agravantes seriam: a violência, o efeito sobre os imigrantes (que geralmente constituem uma população vulnerável) e a temporária proibição de reuniões religiosas ou funerais. A desinformação e o estigma provocado pela doença atuam como agravantes nesse contexto.

A atual situação pode desencadear sofrimento em algumas pessoas, predispondo uma população vulnerável ao surgimento ou piora de transtornos mentais, incluindo a ideação suicida. Apesar de as consequências para a saúde mental já serem sentidas agora, é possível que observemos um aumento do número de casos num futuro próximo. Sabendo disso, e munidos pelas já conhecidas estratégias de prevenção, podemos nos preparar.

Prevenção e controle

Suicídios são evitáveis. Há uma série de medidas que podem ser tomadas junto à população, subpopulação e em níveis individuais para prevenir o suicídio e suas tentativas, incluindo:

  • Redução de acesso aos meios utilizados (por exemplo, pesticidas, armas de fogo e certas medicações);
  • Cobertura responsável pelos meios de comunicação;
  • Introdução de políticas para reduzir o uso nocivo do álcool;
  • Identificação precoce, tratamento e cuidados de pessoas com transtornos mentais ou por uso de substâncias, dores crônicas e estresse emocional agudo;
  • Formação de trabalhadores não especializados em avaliação e gerenciamento de comportamentos suicidas;
  • Acompanhamento de pessoas que tentaram suicídio e prestação de apoio comunitário.

O suicídio é uma questão complexa e, por isso, os esforços de prevenção necessitam de coordenação e colaboração entre os múltiplos setores da sociedade, incluindo saúde, educação, trabalho, agricultura, negócios, justiça, lei, defesa, política e mídia. Esses esforços devem ser abrangentes e integrados, pois apenas uma abordagem não pode impactar um tema tão complexo quanto o suicídio.

Mas todos nós podemos fazer nossa parte, identificando pessoas com comportamentos de risco, oferecendo ajuda e conversando sobre o tema. E, caso quem precise de ajuda seja você mesmo, converse com pessoas próximas e procure ajuda imediatamente.

Sinais de alerta

  • Falar sobre querer morrer, não ter propósito, ser um peso para os outros ou estar se sentindo preso ou sob dor insuportável
  • Procurar formas de se matar
  • Usar mais álcool ou drogas
  • Agir de modo ansioso, agitado ou irresponsável
  • Dormir muito ou pouco
  • Sentir-se isolado
  • Demonstrar raiva ou falar sobre vingança
  • Ter alterações de humor extremas

O que fazer

  • Não deixe a pessoa sozinha
  • Tire de perto armas de fogo, álcool, drogas ou objetos cortantes
  • Leve a pessoa para uma assistência especializada
  • Ligue para canais de ajuda

188
é o telefone do Centro de Valorização da Vida (CVV). Também é possível receber apoio emocional via internet (www.cvv.org.br), e-mail, chat e Skype 24 horas por dia

ATENDIMENTO GRATUITO

Psicanálise na Praça Roosevelt, de São Paulo
Atendimentos aos sábados, das 11h às 14h

Psicanálise na Rua, de Brasília
Contato: facebook.com/psinarua
Para moradores do DF e entorno; atendimentos às sextas, das 16h30 às 18h30, e aos sábados, 10 às 12 horas

Psicanálise na Praça, de Porto Alegre
Atendimentos aos sábados, das 11h às 14 horas

Psicanálise de Rua, de São Carlos (SP)
Atendimentos aos sábados, das 11 às 14 horas, para pessoas da região de São Carlos

Grupo bate-papo, de Brasília
Atendimentos: terças, às 13h; quartas, às 10h e às 14h; sextas, às 10 horas

Varandas Terapêuticas – Instituto Gerar
Contato: tel. (11) 3032-6905 e (11) 97338-3974
Atendimentos: mediante agendamento
Pagamento voluntário

EscutAto – Instituto de Psicologia da USP (IPUSP)
Atendimentos: mediante agendamento

Ao longo deste mês de setembro, falarei semanalmente sobre temas relacionados ao suicídio, oferecendo minha contribuição para trazermos esse tema tão importante à tona e buscarmos soluções para diminuirmos números tão tristes e assustadores!

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Rê Spallicci