Entenda por que ter uma atitude congruente o tornará um líder melhor
Estamos passando por um momento de consideráveis transformações no mundo e, consequentemente, nas empresas e no ambiente corporativo. Com isso, um novo perfil de liderança vem se fazendo cada vez mais necessário, e novas competências surgem como essenciais para uma liderança positiva e efetiva.
Venho tratando deste tema com frequência aqui no meu blog e já citei algumas características, a flexibilidade, a consciência, entre outras, como competências mandatórias para um novo perfil de liderança.
Agora, quero abordar outra competência que reputo fundamental: a congruência!
Sem espaço para o teatro corporativo
Em minha longa experiência no mundo corporativo, aprendi que o “faça o que eu digo, não faça o que faço” era uma máxima praticada por praticamente quase todos os líderes. Ser uma coisa fora da empresa e assumir outro papel dentro das organizações era algo encarado como natural e até mesmo necessário no teatro do mundo corporativo.
Isto sempre me incomodou. Afinal, acredito que somos únicos e diversos e não precisamos, e nem devemos, reduzir nosso comportamento a um papel esperado pelos outros em relação a nós. Daí, a Renata executiva manter o cabelão comprido, não usar o terninho padrão e, mais recentemente, assumir os outros papéis de atleta, blogueira, escritora, etc, sem se preocupar com julgamentos e preconceitos.
E fico feliz de observar que essa minha postura vem sendo cada vez mais valorizada e disseminada nos novos perfis de liderança. Por muito tempo, fomos orientados a seguir fórmulas para liderar, mas hoje um novo modelo surge, baseado principalmente na autenticidade e na congruência.
Ser congruente é essencial
Um aspecto importante da liderança, mas frequentemente subestimado, é a congruência entre fala e ação; entre valores e comportamento; e entre pensamentos e sentimentos.
Aquele líder que fala uma coisa e age de maneira oposta ao que fala, cria uma cultura de hipocrisia que ameaça a própria estrutura das empresas, pois mostra aos funcionários que honestidade, transparência e congruência realmente não importam.
Essa postura estabelece o precedente de que os funcionários podem usar atalhos, podem fazer o que quiserem, desde que não sejam pegos.
Mas a verdade é que ninguém quer trabalhar para um chefe que fala abertamente sobre as aspirações e, depois, não faz uma ação significativa. Líderes reais – aqueles que inspiram, motivam e aceleram o crescimento – agem com congruência e autenticidade. Eles fazem o que dizem. E praticam o que eles pregam.
Porque quando você faz essas coisas – quando vive de acordo com seus valores e assegura que suas ações estão alinhadas com o seu discurso – você aprofunda sua presença.Quando você está sintonizado consigo mesmo e ouvindo sua mais alta intuição, suas palavras carregam mais peso. As pessoas aceitam a sua palavra como verdade em vez de opinião e fazem o que pede porque acreditam em você mais do que em suas palavras.
Essa é a verdade sobre líderes reais – a presença deles é muito mais valiosa do que o discurso. Sua congruência por si só instala a esperança e motiva as pessoas a desafiarem a si mesmas para continuarem crescendo.
Como se tornar um líder mais congruente?
Pode parecer simples agir, falar, pensar e sentir de forma congruente. Mas a verdade é que, após anos de teatro corporativo, esta atitude pode ser bem mais complexa do que parece. Por isso, listei algumas perguntas às quais você deve responder (de preferência por escrito e à mão) para alcançar este objetivo.
As cinco questões de congruência:
1. O que você quer? O que vem à mente quando visualiza a melhor versão de si mesmo como líder? Onde você trabalharia? Com quem? Em que indústria ou circunstâncias? Ou talvez menos geral: o que você quer em uma situação ou cenário particular? Em seu papel atual?
2. Por que você faz o que faz? Qual é sua missão ou propósito pessoal? O que o deixa animado e completamente entusiasmado? Cadê sua paixão? Onde você se sente sincero?
3. Que experiências o moldaram? Quais são algumas das melhores lições que você aprendeu? Como você sabe? O que você faria de novo, não importa o quê?
4. Como você melhora as coisas? Quais são o seu valor final e contribuição? Como as pessoas se tornam melhores por terem trabalhado com você?
5. O que vem a seguir? Qual é o seu próximo passo, ação decisiva ou grande aventura?
Após responder a estas questões, deixe-as guardadas por um dia. Depois, reserve um tempo para analisar e refletir sobre o que você escreveu. Pergunte a si mesmo o seguinte:
Depois de sua análise, identifique os principais pontos para o seu próprio desenvolvimento como líder.
Por fim, observe: as pessoas nem sempre se lembram do que você diz, mas elas se lembrarão de como se sentiram em sua presença. É por isso que a congruência é importante.
Com a intensa pressão dos acionistas e as demandas crescentes do mercado, os líderes são solicitados a se tornarem robôs com a finalidade de aumentar a receita a todo custo e para fazer o que for preciso para atingir melhores resultados.
E o problema é que as empresas não são robôs, mas teias complexas de pessoas reais com sentimentos, falhas e motivação flutuante.
Líderes no mundo de hoje, em rápida mudança, não podem se concentrar apenas no lucro – eles também devem se concentrar em si mesmos. Devem continuar se desafiando a fazer o que dizem, praticar o que pregam e viver com congruência. Isso é o que os renomados líderes fazem. E é como eles se distinguem de todos os outros.
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Busque seu propósito. Deixe seu legado.
Rê Spallicci